O Brasil tem um dos maiores sistemas de vacinação pública do mundo. Mas, seria impossível aplicar mais de 300 milhões de doses de vacina por ano sem um batalhão treinado para esse trabalho. São cerca de 193 mil enfermeiros e técnicos de enfermagem que atuam em mais de 38 mil salas de vacina em todo o país. E muitas vezes fora delas, indo até onde a população está. Na quinta-feira (17/10), quando se celebra o Dia Nacional da Vacinação, profissionais alertam que toda oportunidade de orientar a população tem que ser aproveitada.
Um desses profissionais é a enfermeira Viviane de Almeida, que trabalha aplicando vacinas há 16 anos e hoje atua no Super Centro Carioca de Vacinação, no Rio de Janeiro. Quando ainda era técnica de enfermagem, ela trabalhou em uma campanha de vacinação contra a gripe e nunca mais quis saber de outra coisa.
“Um olhar completamente diferenciado, de evitar que a gente adoeça por doenças que são passíveis de prevenção através da vacinação. É isso que me fez apaixonar na verdade”, conta Viviane.
Calendário de Vacinação
O Programa Nacional de Imunizações oferece 31 vacinas e constantemente esse rol é atualizado. Só em 2024, por exemplo, a vacina contra a covid-19 se tornou parte do calendário básico, a vacina contra a dengue começou a ser aplicada nos adolescentes, e a gotinha contra a pólio foi aposentada, dando lugar ao reforço injetável e o esquema contra o HPV se tornou dose única. Ou seja, para trabalhar em sala de vacina é preciso entender de imunização e se atualizar constantemente. Inclusive, para informar a população.
“A oportunidade de visita [ao posto de saúde] tem que ser vista como oportunidade única. […]. O que está pendente, o que pode ser feito naquele momento. Entrou na sala, é uma oportunidade, seja como acompanhante, mãe que levou o filho”, defende Viviane.
Agentes
A enfermeira e diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações, Mayra Moura, também chama atenção para a importância do trabalho de outro profissional: o agente comunitário de saúde. São quase 300 mil pessoas no Brasil com a atribuição de acompanhar as famílias atendidas pelo serviço de atenção básica à saúde de cada comunidade.
“Quando você estabelece esse vínculo de confiança, consegue ter esse poder de convencimento, mas, isso também passa pelo preparo desses profissionais; de entenderem o papel deles nesse sistema”, explica Mayra.
A enfermeira avalia também que o aumento das equipes de saúde da família, e o treinamento e engajamento desses profissionais são ações essenciais para reverter as quedas vacinais.
“Dentro da enfermagem, a imunização está dentro da atenção primária, mas, na prática, é a sala de vacina e as equipes de saúde na família fazendo outros trabalhos. Então, quando a equipe vai até à casa de alguém, teria que estar lá no checklist deles, também a imunização”, defende Mayra.
Desde 2023, o Brasil vem aumentando as coberturas das vacinas do calendário básico, mas ainda está longe do ideal. Até setembro, apenas a vacina meningocócica C tinha superado o índice recomendado de 95%. E alguns imunizantes ainda estão com cobertura muito baixa. A dTpa, indicada principalmente para grávidas, por exemplo, foi aplicada em apenas 53% do público-alvo. E menos de 30% dos bebês tomaram o imunizante contra a covid-19.
Fonte: Agência Brasil
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil