Por ocasião do Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado anualmente a 5 de junho, o planeta volta os olhos para uma questão urgente e inescapável: a crise da poluição plástica. Com o lema deste ano centrado no combate ao uso excessivo de plásticos, o apelo é claro — governos, empresas e cidadãos precisam agir de forma coordenada para conter um dos maiores flagelos ambientais do nosso tempo.
Criado pela ONU em 1972, o Dia Mundial do Meio Ambiente tem servido como uma plataforma para sensibilizar o público global sobre questões ambientais críticas. Em 2025, o tema escolhido não poderia ser mais pertinente. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a produção de plástico ultrapassará 516 milhões de toneladas este ano, com projeções alarmantes de que esse número pode mais do que duplicar até 2060, alcançando 1,2 mil milhões de toneladas anuais.
Plástico: da utilidade à ameaça invisível
Embora o plástico tenha revolucionado setores como o da saúde, da tecnologia e da alimentação, o seu uso excessivo e, sobretudo, descartável tornou-se um desastre ambiental. Estima-se que mais de 400 milhões de toneladas de plástico sejam produzidas por ano, sendo que cerca de 50% são de uso único. Pior ainda, apenas 9% desses resíduos são efetivamente reciclados, segundo a ONU. O restante acaba em aterros, rios, oceanos — e até dentro dos nossos corpos.
Os microplásticos, fragmentos com menos de 5 mm, já foram detectados em órgãos humanos, no sangue, no leite materno e até no cérebro, levantando preocupações sérias sobre os efeitos a longo prazo na saúde. Ao mesmo tempo, a biodiversidade sofre: milhões de animais marinhos ingerem plástico todos os anos, o que compromete cadeias alimentares inteiras.
Responsabilidade coletiva: um caminho possível
A boa notícia é que ainda há tempo para mudar esse cenário. O relatório mais recente do PNUMA revela que é possível reduzir a poluição plástica em até 80% até 2040, desde que sejam adotadas medidas eficazes e imediatas. Isso inclui a eliminação de plásticos problemáticos, a transição para produtos reutilizáveis, melhorias nos sistemas de recolha e reciclagem, bem como investimentos em inovação de materiais.
Para isso, é necessária uma atuação coordenada entre diferentes esferas da sociedade:
Governações e instituições públicas têm o dever de liderar com legislação robusta. Proibir plásticos de uso único, criar políticas de incentivo à economia circular, fiscalizar o setor industrial e promover campanhas de educação ambiental são passos fundamentais.
Empresas e indústrias devem repensar o seu modelo de negócio. Assumir compromissos com embalagens reutilizáveis, substituir materiais plásticos por alternativas biodegradáveis e investir em cadeias de produção sustentáveis pode não só preservar o planeta, mas também valorizar marcas junto de consumidores cada vez mais conscientes.
Cidadãos comuns têm um papel indispensável. Pequenas mudanças no dia a dia — como evitar sacos descartáveis, usar garrafas reutilizáveis, separar corretamente os resíduos ou simplesmente repensar hábitos de consumo — têm um impacto cumulativo poderoso. Além disso, pressionar políticos e marcas por soluções sustentáveis fortalece a democracia ambiental.
Contexto europeu
No contexto europeu, Portugal por exemplo, tem dado passos relevantes com a proibição de certos plásticos descartáveis e a meta de reciclagem de 55% de resíduos de embalagens plásticas até 2030. No entanto, ainda há desafios estruturais, como o reforço da capacidade de tratamento de resíduos e a sensibilização contínua da população para práticas sustentáveis.
Um futuro possível
A crise do plástico não é uma inevitabilidade. É o resultado de escolhas políticas, económicas e culturais feitas ao longo de décadas. Este Dia Mundial do Meio Ambiente é um convite à reflexão e, sobretudo, à ação. Cabe a todos — governos, empresas, instituições e cidadãos — assumir o compromisso de proteger o único lar que temos: a Terra.
Por: Sérgio Monteiro – Com informações e fontes de Agências Internacionais – ONU – CNN
Foto: Freepik
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