Um encontro com canções que chegaram aos quatro cantos do país por ondas médias e curtas, compostas por nomes como Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha e Chico Buarque. Essa é a atração do espetáculo “A Era do Rádio”, que o Coral Pró-Música apresenta nesta quinta-feira, 17, às 19h30, no Cine-Theatro Central. A entrada é franca, por meio de convites a serem distribuídos a partir desta terça, 15, na recepção do teatro, entre 9h e 12h e das 14h às 17h.
A nostalgia dá o tom do espetáculo, que conta com 40 coralistas sob a regência do maestro Victor Cassemiro, conhecido também por seu trabalho à frente da Orquestra Sinfônica Pró-Música, entre outros grupos artísticos da cidade. O concerto tem caráter didático sobre as atividades do rádio no Brasil durante o século XX, com uma música marcante de cada década do período.
A abertura conta com a marcha “Cantores do Rádio”, de João de Barro, Alberto Ribeiro e Lamartine Babo, eternizada na voz de Carmem Miranda. A viagem no tempo começa pela década de 1910, com “Abre alas”, de Chiquinha Gonzaga, seguida de “Luar do Sertão”, atribuída a Catulo da Paixão Cearense, inspirada na obra de João Pernambuco. “Linda flor”, também conhecida como “Ai, Yoyô”, traz à tona a efervescência das artes nos anos 1920.
A lista de canções segue com o clássico “Carinhoso”, de 1917, obra prima de Pixinguinha, perpetuada em inúmeras interpretações – inclusive como tema de abertura de novela com o mesmo nome -, mas que tem a peculiaridade de só ter chegado aos ouvintes nos anos 1930, quando seu autor ingressou no então Instituto Nacional de Música, hoje Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A década de 1940 chega com “Ave Maria no Morro”, ainda hoje celebrada por ícones internacionais como os alemães da banda de rock Scorpions e o italiano Andrea Bocelli, um dos maiores tenores da atualidade. Seu autor, Herivelto Martins, trouxe à cena musical brasileira uma poética com crítica social. O compositor exaltou a beleza dos morros cariocas e retratou o povo, o samba e a religiosidade.
Com a década de 1950, entra Adoniran Barbosa, um dos maiores nomes da Música Popular Brasileira (MPB), por meio de “Samba do Arnesto”. Na canção, o artista brinca com as palavras e com a forma como os paulistas viam o gênero musical. Bem humorado como suas composições, Adoniran também era apresentador de rádio e chegou a interpretar dezenas de personagens em seus programas. Ainda assim, a crítica à sociedade e a preocupação com o progresso desmedido estavam presentes em sua obra.
“Roda Viva” promove uma revisita à década de 1960, em que temas como liberdade e democracia se faziam presentes na música, particularmente na obra de Chico Buarque. Na passagem pelos anos 1970, o Coral interpreta “Começaria tudo outra vez”, de Gonzaguinha, obra repleta de significados para além do romance. Oswaldo Montenegro assina a música “Bandolins”, o destaque da década de 1980.
“Tocando em frente”, de Almir Sater e Renato Teixeira, encerra o concerto em grande estilo, ecoando uma poética que mescla clássico, popular, folclore e sertão.
Fonte e foto: UFJF