Um grupo de especialistas da Universidade Federal de Lavras (UFLA), envolvidos com o projeto Cotton Solos, está no Mali esta semana para uma missão de monitoramento e avaliação da colheita de algodão e milho, fruto da cooperação técnica com o Brasil.
No âmbito do projeto foram construídas quatro Unidades Técnicas Demonstrativas (UTD) para realização de experimentos e demonstrações das melhores técnicas de plantio, manejo e conservação do solo na cultura do algodão e do milho. Nestes locais, são demonstradas boas práticas desenvolvidas no Brasil e que podem ser utilizadas para melhorar a qualidade do solo e a produção de algodão no Mali.
As UTDs têm sido utilizadas há cerca de três anos para o desenvolvimento dos experimentos, constituídos de rotação alternada entre algodão e milho. São cerca de 4 hectares, sendo duas delas destinadas ao manejo e conservação de solo, e duas destinadas à fertilidade do solo.
Entre as práticas compartilhadas pelo Brasil, relacionadas à conservação do solo, estão: terraço, cordão de pedra e cordão de vegetação com capim elefante. Para a comparação entre os diferentes sistemas de manejo, são realizados plantios consorciados do algodão e do milho com outras plantas de cobertura, como a braquiaria, mucuna preta e crotalaria. Além dessas possibilidades, há também experimentos com plantio consorciado com feijão caupi e amendoim, que são plantas de cobertura com valor alimentício.
O plantio consorciado é uma prática de conservação do solo, que contribui para a fixação biológica de nitrogênio, aumentar nutrientes no solo, aumentar matéria orgânica e controlar a erosão hídrica.
De acordo com o especialista da UFLA, professor Marx Silva, que acompanha o projeto e o desenvolvimento desses experimentos desde o início, “Tais práticas agrícolas têm permitido dobrar a produção do milho e do algodão, nos campos experimentais, além de possibilitar um aporte maior de palha no solo, o que protege o solo contra a erosão hídrica e permitirá, caso desejem, a implantação de um sistema de plantio direto, amplamente usado no Brasil”.
Cooperação Brasil-Mali
A equipe da UFLA tem também como objetivo coletar solo nas UTDs para análises químicas e físicas, feitas anualmente no âmbito do projeto. Tais análises permitirão identificar se houve melhoria na qualidade do solo, fruto das novas práticas agrícolas implementadas pelo projeto.
Outra atividade realizada durante a missão dessa semana consiste no monitoramento de um painel de 24 espécies de plantas de cobertura, implantados pelo projeto. A ideia é acompanhar o desempenho delas durante um ano para verificar quais têm maior potencial e resistência para serem plantadas de forma consorciada com o algodão e com o milho.
Além disso, tais plantas podem ser utilizadas em situações diversas, para auxiliar, por exemplo, no saneamento sanitário, como quebra-vento e para alimentar o gado.
O projeto “Preservação do Potencial Produtivo das Zonas Produtoras de Algodão no Mali – Cotton Solos” é coordenado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), e realizado em parceria com a Universidade Federal de Lavras (UFLA) e o governo do Mali, por meio da Companhia Malinense de Desenvolvimento Têxtil (CMDT), com financiamento do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A iniciativa tem promovido, desde 2019, o compartilhamento de conhecimento técnico e de práticas agrícolas que já são utilizadas com êxito no Brasil, em contextos de solo e clima semelhantes aos do Mali, de modo a aumentar a produtividade de algodão utilizando práticas de conservação, manejo e fertilidade do solo mais eficientes e sustentáveis.
Fonte: UFLA – texto e fotos: fotos: Janaína Plessmann