O cenário político da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) sofreu uma reviravolta nesta quinta-feira (15), com o afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da entidade, por decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). Com isso, Fernando Sarney, vice-presidente mais idoso da atual gestão, assumiu o comando da CBF como interventor e será responsável por conduzir o processo de eleição de um novo presidente.
De acordo com o Estatuto da CBF, Sarney tem até 30 dias para convocar a Assembleia Geral Eleitoral. A escolha será para um presidente que cumprirá o restante do atual mandato de Ednaldo. Nesse pleito, poderão concorrer apenas os vice-presidentes eleitos em 2022, o que exclui os integrantes da nova chapa eleita em março de 2024, ainda não empossados.
Estão aptos a disputar: Fernando Sarney, Hélio Cury, Francisco Novelletto, Marcus Vicente, Reinaldo Carneiro Bastos e Roberto Góes. A eleição será decidida em turno único, vencendo quem obtiver o maior número de votos. Em caso de empate, o critério de desempate será a idade — o mais velho assume.
Impasse e reação política
A decisão do TJRJ foi motivada por indícios de irregularidades no processo que reconduziu Ednaldo à presidência, incluindo a suspeita de falsificação da assinatura do ex-presidente Coronel Nunes no acordo que viabilizou sua eleição. A denúncia partiu da deputada federal Daniela Carneiro (União-RJ) e se baseia em laudo médico que atesta “déficit cognitivo” de Nunes, emitido em junho de 2023.
A CBF afirma que não houve ilegalidade no processo e já recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde a ação será relatada pelo ministro Gilmar Mendes. No entanto, há um impasse: como Ednaldo foi afastado, o recurso foi apresentado em nome da CBF, atualmente sob comando de Fernando Sarney — que, por sua vez, defende a continuidade do afastamento.
Reação das federações
Em um movimento inédito, 19 das 27 federações estaduais de futebol divulgaram manifesto pedindo “renovação de lideranças” e maior “descentralização” da estrutura da CBF. O documento representa uma quebra significativa com a gestão Ednaldo, que até então contava com apoio unânime dessas entidades.
Essas federações agora articulam uma nova composição de liderança e defendem mudanças profundas no modelo de governança da confederação.
Outros processos em curso
Paralelamente, Ednaldo é alvo de duas investigações na Comissão de Ética da própria CBF. Uma delas também foi encaminhada por Daniela Carneiro, com as mesmas acusações levadas ao TJRJ. A segunda partiu do vereador Marcos Dias Pereira (Podemos-RJ), que levou ao Ministério Público do Trabalho denúncias de assédio e descumprimento de normas internas — arquivadas posteriormente.
Decisão do STF pode impactar cenário
No dia 28 de maio, o Supremo Tribunal Federal julgará uma Ação Direta de Inconstitucionalidade relacionada à possibilidade de o Ministério Público celebrar Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) com entidades esportivas. A decisão pode invalidar o acordo firmado em 2022 — o mesmo que viabilizou a eleição de Ednaldo — e ter impacto direto sobre a legitimidade de sua gestão.
Histórico recente
Ednaldo Rodrigues assumiu interinamente a presidência da CBF em agosto de 2021, substituindo Rogério Caboclo, afastado por denúncias de assédio. Em 2022, foi efetivado por meio do TAC com o Ministério Público. Em março de 2024, foi reeleito de forma unânime, com apoio das 27 federações estaduais e clubes das Séries A e B.
Com a recente decisão judicial e a nova eleição no horizonte, o futuro da CBF caminha para um período de transição que promete reconfigurar seu comando e, possivelmente, sua estrutura administrativa.
Com Informações da Rádio Itatiaia