A capacitação online “Elaboração e Análise de Estudos Faunísticos no Âmbito do Estado de Minas Gerais” foi realizada, na terça-feira (24), como parte da programação da Semana Florestal 2024. A atividade, promovida pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), teve como objetivo instruir interessados de diferentes áreas com relação ao tema proposto.
O inventário faunístico é um estudo que identifica a diversidade de espécies animais que vivem em uma região e em um determinado período. É uma ferramenta importante para a conservação da biodiversidade e para a tomada de decisões sobre o manejo de áreas naturais.
A analista ambiental do IEF, Melina Barreto, abordou os estudos de fauna no âmbito da intervenção ambiental. Ela explicou que os processos de intervenção com alteração do solo e supressão de vegetação nativa devem ser instruídos com levantamento de fauna silvestre terrestre.
“Os levantamentos devem ser feitos levando em conta a área total que será suprimida para determinar as medidas de mitigação e compensação”, afirmou. De acordo com o tamanho da área a ser suprimida devem ser apresentados relatórios do afugentamento da fauna, estudos com dados primários e secundários e com atividades de campo.
“Nos casos em que a supressão for feita em áreas históricas de ocorrência de espécies ameaçadas de extinção, o órgão ambiental poderá solicitar estudos adicionais, com base em dados primários, para verificar sua ocorrência, independentemente do tamanho da área”, observa Melina Barreto.
Já o biólogo do Conselho Regional de Biologia (CRBio), Maurício Djalles Costa, apresentou a palestra “Fauna silvestre no contexto das intervenções ambientais”. Especialista em ecologia, manejo e conservação da vida silvestre, ele afirmou que estamos passando por uma crise na biodiversidade, o que inclui a fauna silvestre, com extinção de espécies. “Cerca de 1,6% das espécies foram extintas de 1500 até 2010. Para os mamíferos esse percentual é de 2%, sendo a maioria por ação humana”, afirmou.
“Entre as principais causas para perda de biodiversidade estão a caça, a introdução de espécies exóticas e a perda de hábitats pelo desmatamento e queimadas”, observou.
Maurício Costa explicou que os dados primários presentes nos estudos são obtidos no trabalho de campo, por meio de métodos com captura ou não de espécies, podendo também ser diretos (com visualização ou audição dos animais) ou indiretos (através de vestígios ou indícios). Já os secundários são os obtidos anteriormente.
“Só há como confirmar a presença ou ausência de animais ameaçados de extinção em determinada área sujeita a intervenção com a existência de dados primários, embora os dados secundários possam ser úteis para orientar as pesquisas de campo”, afirmou Maurício Costa.
Ele citou, ainda, a Deliberação Normativa do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) nº 147, de 2010, que lista as espécies ameaçadas de extinção em Minas Gerais e que, segundo ele, deve servir de base para inventários. A lista inclui, dentre outras, 113 espécies de aves, 45 de mamíferos e 10 de anfíbios.
A capacitação online “Elaboração e Análise de Estudos Faunísticos no Âmbito do Estado de Minas Gerais” foi mediada pela diretora de Proteção à Fauna do IEF, Laura Homem Oliveira, e pode ser assistida na íntegra, clicando aqui.
Fonte e foto: IEF