quinta-feira, 21 de novembro de 2024
“NÃO SE PRESERVA A MEMÓRIA DE UM POVO
SEM O REGISTRO DE SUA HISTÓRIA.”

O Brasil encerrou sua participação na Paralimpíada de Paris com um desempenho histórico. A delegação brasileira conquistou um total de 89 medalhas, divididas em 25 ouros, 26 pratas e 38 bronzes. Esse resultado marca a melhor colocação do país na competição, assegurando o quinto lugar no quadro de medalhas. A conquista reflete o sucesso do planejamento estratégico iniciado em 2017 e as mudanças na abordagem do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

O presidente do CPB, Mizael Conrado, destacou o impacto do planejamento estratégico anunciado em 2017. “Esse plano foi uma bússola ao longo dos últimos oito anos e nos guiou até aqui. Ele trouxe a inclusão para o centro do nosso propósito. Passamos a ter a inclusão em nossa missão e mudamos a lógica do desenvolvimento esportivo”, afirmou Mizael em entrevista coletiva na Casa Brasil Paralímpico, em Saint-Ouen, próxima a Paris.

O planejamento visava conquistar entre 75 e 90 medalhas e posicionar o Brasil entre as oito nações mais bem-sucedidas. Com 89 pódios, o país superou a meta e melhorou sua posição em relação aos Jogos de Tóquio, onde obteve 72 medalhas e ficou com 22 ouros.

Foco na Inclusão e Participação Feminina

Outro destaque da participação brasileira foi o aumento da presença feminina. Aproximadamente 42% da equipe nacional foi composta por mulheres, que contribuíram com a maioria dos ouros brasileiros (13 de 25). Mizael Conrado ressaltou o avanço na participação feminina e comparou com a China, que liderou o quadro de medalhas com mais de 60% de conquistas femininas. “Acredito que, criando condições e oportunidades, as mulheres se tornarão protagonistas e possivelmente superarão os resultados dos homens no futuro”, disse Mizael.

Legado dos Jogos Rio 2016

O sucesso do Brasil em Paris está intrinsecamente ligado ao legado dos Jogos Paralímpicos Rio 2016. Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC) e ex-presidente do CPB, destacou que o Brasil soube aproveitar a oportunidade de sediar os Jogos para fortalecer o paradesporto. “O Centro de Treinamento Paralímpico em São Paulo e o aumento dos recursos são frutos daquele momento. O Brasil aproveitou como poucos”, afirmou Parsons.

A mudança na Lei da Inclusão, que aumentou o percentual de recursos destinados ao CPB de 15% para 37,04%, também contribuiu para o crescimento do paradesporto. Em 2023, o CPB recebeu cerca de R$ 224 milhões, o que possibilitou o desenvolvimento de novas infraestruturas e programas.

Desafios e Futuro

Apesar do sucesso, Mizael Conrado expressou preocupação com a manutenção das estruturas construídas para os Jogos do Rio. “As construções foram importantes, mas a manutenção é crucial. Muitas instalações não receberam a manutenção adequada e começam a se degradar”, alertou Mizael. Ele enfatizou a necessidade de mais investimentos e infraestrutura adequada para garantir que atletas em potencial tenham acesso a instalações de qualidade.

Mizael também destacou a diferença com as infraestruturas vistas em Paris, onde cada cidade parece ter uma piscina oficial de nível magnífico, contrastando com a realidade brasileira. “Como formar um atleta em um estado se não há uma pista para ele competir? Precisamos urgentemente melhorar nossas instalações para continuar avançando”, concluiu o presidente do CPB.

O desempenho do Brasil na Paralimpíada de Paris não só reafirma o sucesso do planejamento estratégico do CPB, mas também destaca a importância do legado dos Jogos do Rio 2016. Enquanto o país celebra seu melhor resultado na história da competição, a continuidade dos investimentos e a manutenção das infraestruturas permanecem fundamentais para o futuro do paradesporto brasileiro.

Fonte e foto: Agência do Brasil

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