quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
“NÃO SE PRESERVA A MEMÓRIA DE UM POVO
SEM O REGISTRO DE SUA HISTÓRIA.”

A recente alta do dólar e as incertezas relacionadas à inflação e à economia global levaram o Banco Central (BC) a intensificar o ritmo de elevação dos juros. Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou o aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic, elevando-a para 12,25% ao ano. O movimento surpreendeu o mercado financeiro, que esperava um aumento de apenas 0,75 ponto.

Essa foi a terceira alta consecutiva da Selic, que agora retorna ao nível de dezembro do ano passado, quando estava em 12,25% ao ano. Esse ajuste sinaliza a continuidade de um ciclo de contração na política monetária, após uma série de cortes nos últimos meses. Entre agosto de 2022 e agosto de 2023, a taxa permaneceu em 13,75% ao ano. De agosto de 2023 até maio deste ano, o Copom implementou seis cortes de 0,5 ponto e um corte de 0,25 ponto. Nas reuniões de junho e julho, a taxa foi mantida em 10,5% ao ano, e as últimas reuniões, em setembro e novembro, definiram os aumentos sucessivos.

Inflação

A Selic é a principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em novembro, o IPCA registrou uma desaceleração para 0,39%, impulsionada pela bandeira verde nas contas de luz e pela queda nos preços dos combustíveis. No entanto, os preços dos alimentos, especialmente da carne, e das passagens aéreas continuaram a subir, o que reflete uma inflação ainda pressionada.

Com o resultado, o IPCA acumulou alta de 4,87% nos últimos 12 meses, superando o teto da meta de inflação estabelecida para este ano. A meta do Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2024 é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Portanto, o IPCA deste ano não poderia ultrapassar 4,5% nem cair abaixo de 1,5%.

No último Relatório de Inflação, divulgado pelo Banco Central no fim de setembro, a previsão para o IPCA em 2024 foi ajustada para 4,31%. No entanto, a estimativa pode ser revista para cima, devido ao impacto da alta do dólar e à seca prolongada que afeta os preços. O próximo relatório, previsto para o fim de dezembro, pode trazer novas atualizações.

O mercado, por sua vez, está mais pessimista. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal realizada pelo BC com instituições financeiras, a inflação oficial deve fechar o ano em 4,84%, ultrapassando novamente o teto da meta. Há um mês, as previsões eram de 4,71%.

Crédito mais caro

Em relação à economia, as projeções de crescimento são mais otimistas. O boletim Focus revisou a expectativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) para 3,39% em 2024, um ajuste após o crescimento de 0,9% do PIB no segundo trimestre de 2023.

A taxa básica de juros influencia diretamente as negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve como referência para as demais taxas de juros da economia. Com o aumento da Selic, o Banco Central busca controlar o excesso de demanda que pressiona os preços. Juros mais altos tornam o crédito mais caro e incentivam a poupança, ajudando a desacelerar a inflação.

Por outro lado, quando o Copom reduz a Selic, o crédito se torna mais acessível, estimulando a produção e o consumo, mas enfraquecendo o controle sobre a inflação. Para reduzir a taxa de juros, o Banco Central precisa garantir que os preços estejam sob controle e que não haja risco iminente de aceleração inflacionária.

Com as informações da Agência Brasil

Foto: Rafa Neddermeyer / Agência Brasil

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