A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está considerando a implementação de uma nova medida para controlar o uso de medicamentos usados no tratamento da obesidade e diabetes tipo 2. A proposta em avaliação sugere que, além da prescrição médica obrigatória, a retenção da receita se torne uma exigência para a compra de fármacos da classe GLP-1, como Ozempic, Wegovy, Saxenda e o Mounjaro – este último, embora amplamente discutido, ainda não está disponível no Brasil.
A preocupação da agência reguladora é o uso descontrolado dessas medicações, especialmente após o aumento de casos de abuso e reações adversas. Entre 2012 e setembro de 2024, o sistema de vigilância da Anvisa registrou um total de 1.165 notificações relacionadas ao uso indevido desses medicamentos, sendo que cerca de 92% desses casos estão ligados à liraglutida e semaglutida, substâncias ativas presentes nos fármacos Saxenda, Ozempic e Wegovy.
Os números revelam um cenário alarmante, com um aumento significativo no número de notificações de efeitos colaterais e uso fora da indicação recomendada. Os dados também mostram que, no Brasil, as notificações suspeitas de eventos adversos envolvendo essas medicações são três vezes mais frequentes (32,25%) do que o índice registrado no resto do mundo (10%). Entre os casos, destaca-se um número preocupante de ocorrências de pancreatite, que no Brasil representaram 5,9% dos casos, mais do que o dobro do registrado em outros países, onde o percentual é de 2,4%.
Em face desses dados, a Anvisa propõe que os medicamentos da classe GLP-1 sejam incluídos na lista de fármacos que só podem ser adquiridos mediante prescrição médica e com a retenção da receita. Atualmente, a prescrição é obrigatória, mas a retenção da receita não é uma exigência. Caso a medida seja adotada, a expectativa é de que o controle sobre o uso dessas substâncias seja mais rigoroso, contribuindo para a redução de riscos à saúde pública.
Com as informações da Anvisa e TV Cultura
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