sexta-feira, 18 de outubro de 2024
“NÃO SE PRESERVA A MEMÓRIA DE UM POVO
SEM O REGISTRO DE SUA HISTÓRIA.”

A necessidade de preservar a água, mantê-la fresca e salubre para o consumo fez com que a humanidade desenvolvesse diferentes métodos de armazenamento. Um desses, talvez dos mais ancestrais, foi acondicionar o líquido vital em recipientes de barro, cerâmica e porcelana. Alguns exemplares desses objetos estão em exibição na mostra “Água de pote”, em cartaz no Museu de Cultura Popular da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), instalado no Forum da Cultura.
O visitante pode contemplar toda a riqueza de formatos, cores e motivos presentes em utensílios como bilhas, moringas, jarros e cantis, que narram histórias, costumes e tradições populares. Ao todo, são 15 peças oriundas de diferentes locais do Brasil, entre eles, Turmalina, Monte Sião (MG), Vale do Paraíba e Cunha (SP) e Ilhéus (BA), além de uma obra originária de Portugal.
Se inicialmente tais objetos foram produzidos a fim de manter a água em temperatura agradável para ser consumida, com o desenrolar dos anos eles incorporaram outros atributos e passaram a transmitir valores da cultura e do território em que foram criados. Ao moldarem cada um dos diversos tipos de receptáculos de água, as artesãs e artesãos dão forma a saberes, colaborando, assim, com a preservação de uma herança imaterial.
Um dos destaques da exposição são as cerâmicas provenientes do Vale do Jequitinhonha, região mineira onde fica localizada a cidade de Turmalina. Entre as peças produzidas a partir do barro estão exemplares das chamadas moringas antropomorfas, que se assemelham à forma humana, e as zoomorfas, que representam animais. Essas peças são consideradas algumas das mais valiosas expressões da arte popular mineira, sendo, inclusive, oficialmente reconhecidas como patrimônio cultural do estado e referência internacional do artesanato brasileiro.
A exposição também promove um passeio imagético por meio de itens que apresentam figuras como as famosas bonecas do Vale do Jequitinhonha; animais como galinhas, vacas e pássaros; e até lendas locais – a exemplo de uma moringa antropomorfa com três cabeças.
De acordo com a conservadora e restauradora de bens culturais do Forum da Cultura e curadora da exposição, Franciane Lúcia, houve a intenção de resgatar recortes da história do país intrinsecamente ligados aos objetos apresentados. “Muitas das peças que poderão ser vistas nos rememoram o modo de vida em áreas que convivem com seca prolongada e que precisam desses recipientes para armazenamento e transporte de água em tempos de escassez. Outro aspecto também provocado é o despertar de memórias afetivas trazidas com esses utensílios, pois existe uma sensação, muitas vezes nostálgica, sobre o sabor do barro e pela frescura da água armazenada, proporcionando bem-estar e, em alguns casos, uma sensação de segurança por se saber que naquele pote existe o elemento tão precioso à vida”.
A mostra segue em cartaz até o dia 27 de setembro, com visitações gratuitas e abertas ao público em geral, de segunda a sexta, das 10h às 18h.
Museu de Cultura Popular
Com um acervo de mais de 3 mil peças, o Museu de Cultura Popular é um importante espaço de preservação, resgate e valorização da arte oriunda de expressões e tradições populares.
Entre estatuárias, artefatos indígenas, brinquedos antigos, peças de crenças religiosas e outros diversos itens, das mais distintas origens, o visitante tem a oportunidade de realizar uma verdadeira viagem a outros tempos e locais, muitas vezes desconhecidos. O museu abriga objetos da cultura nacional e também do exterior.
As peças, de natureza singular, aguçam a curiosidade e atuam como pontos de contato entre pessoas e culturas diferentes, propiciando, dessa forma, um intercâmbio extremamente importante para a sociedade.
O Museu, criado em 12 de março de 1965 – data que marcou o centenário do folclorista Lindolfo Gomes –, foi transferido para o espaço do Forum da Cultura em 1973, sendo doado à UFJF em 30 de setembro de 1987. Sua origem está no trabalho do professor Wilson de Lima Bastos, que criou o então chamado “Museu do Folclore”, mais tarde renomeado como “Museu de Cultura Popular”.
Forum da Cultura
Instalado em um casarão centenário, na Rua Santo Antônio, 1112, Centro, o Forum da Cultura é o espaço cultural mais antigo da UFJF. Em atividade há mais de cinco décadas, leva à comunidade diversos segmentos de manifestações artísticas, abrindo-se a artistas iniciantes e consagrados para que divulguem seus trabalhos.
Outras informações: (32) 2102-6306 – Forum da Cultura.
E-mail: forumdacultura@ufjf.br
Instagram: @forumdaculturaufjf

Fonte: UFJF
Fotos: divulgação

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