A Anistia Internacional fez um novo alerta à Fifa sobre os potenciais riscos à defesa dos direitos humanos na Arábia Saudita, caso o país seja confirmado como sede da Copa do Mundo de 2034. Com a candidatura saudita sendo a única em disputa para a competição, a chance de o país ser escolhido como anfitrião é grande. No entanto, a organização de direitos humanos exige que a Fifa suspenda o processo até que reformas significativas sejam feitas em relação à situação dos direitos humanos no reino.
A Anistia publicou um relatório detalhado na segunda-feira (11) apontando diversas violações e riscos, e destacou que a Arábia Saudita ainda não demonstrou um compromisso claro com os padrões exigidos pela Fifa. De acordo com a ONG, organizações de direitos humanos não foram consultadas durante o processo de candidatura, o que aumenta as preocupações sobre o impacto das políticas locais no evento esportivo. Além disso, a organização alerta para o risco de “violação ampla e grave” dos direitos humanos, caso o país seja escolhido como anfitrião.
Preocupações com trabalhadores migrantes e outras violações
Um dos principais pontos abordados pela Anistia é o tratamento de trabalhadores migrantes, que seriam essenciais para a construção de infraestrutura e outros preparativos necessários para sediar o torneio. O relatório da organização denuncia a falta de garantias de reformas no sistema trabalhista saudita, a ausência de um salário mínimo para trabalhadores estrangeiros e a falta de medidas eficazes para prevenir a morte de trabalhadores em condições de trabalho extremas.
“Como vimos em outras edições de grandes eventos internacionais, a Arábia Saudita vai precisar de um grande número de trabalhadores migrantes para realizar essas ambições de Copa do Mundo. No entanto, não há garantias de que o país tomará medidas adequadas para garantir condições de trabalho seguras e dignas”, afirma Steve Cockburn, chefe da área de Direitos de Trabalho e Esporte da Anistia Internacional.
Além das questões trabalhistas, o relatório da Anistia também aponta riscos relacionados a outras práticas do governo saudita, como remoções forçadas de populações, discriminação de torcedores e restrições à liberdade de expressão, incluindo o uso excessivo de força policial. A organização destacou ainda que, apesar da Fifa exigir que os países anfitriões cumpram determinados critérios de direitos humanos, essas questões não foram abordadas de forma clara nos planos apresentados para a Copa de 2034.
A pressão sobre a Fifa
A Anistia Internacional já havia alertado a Fifa em junho deste ano sobre os riscos aos direitos humanos nas candidaturas para as Copas de 2030 e 2034. A organização pediu que a Fifa tome medidas mais rigorosas na fiscalização das condições dos países candidatos e não permita que violadores de direitos humanos sejam escolhidos como anfitriões de eventos tão globais e importantes.
O Conselho da Fifa está agendado para se reunir no próximo dia 11 de dezembro para ratificar as escolhas de sede para os mundiais de 2030 e 2034. A candidatura da Arábia Saudita, que é a única concorrente para 2034, já é tratada como um acordo praticamente fechado pela Fifa, embora a decisão ainda não tenha sido oficialmente confirmada.
Candidaturas para 2030 também sob escrutínio
Além da Arábia Saudita, a Anistia também se pronunciou sobre a candidatura conjunta da Espanha, Portugal e Marrocos para a Copa de 2030, que inclui partidas em outros países da América do Sul, como Argentina, Paraguai e Uruguai. A organização de direitos humanos expressou preocupações sobre o respeito aos direitos fundamentais, tanto em relação às condições de trabalho como à segurança de torcedores e à liberdade de expressão em todos os países envolvidos.
A pressão internacional sobre a Fifa para garantir que os países anfitriões cumpram padrões de direitos humanos adequados promete ser um tema central até o dia da escolha oficial, em dezembro.
Fifa sob crescente pressão
Com o mundo cada vez mais atento às questões de direitos humanos em eventos esportivos de grande porte, a Fifa enfrentará um dilema significativo em sua próxima reunião: escolher um país com um histórico questionável em termos de direitos humanos ou adiar o processo até que mais garantias sejam fornecidas, tanto para os trabalhadores quanto para os torcedores que irão ao evento.
A decisão sobre as sedes da Copa do Mundo de 2030 e 2034 será crucial não apenas para o futuro do futebol, mas também para a credibilidade da Fifa em relação ao seu compromisso com os direitos humanos, em um cenário cada vez mais globalizado e vigilante.
Fonte e foto: Arábia Saudita