Homenageado na manhã de sexta-feira, dia 25, com a Medalha de Honra UFMG, concedida a ex-alunos de destaque, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Antonio Anastasia, descreveu sua longa e afetiva relação com a Universidade, em especial com a Faculdade de Direito. “O melhor período de minha vida foi na graduação”, disse o ministro, também mestre em Direito Administrativo e ex-professor na Unidade.
Diante de uma audiência formada por ex-reitores, autoridades do mundo judiciário de Minas Gerais e gestores da UFMG, Anastasia também evocou sua atuação no Centro Acadêmico Afonso Pena (CAAP) e na Divisão de Assistência Universitária (DAJ), onde atuou como vice-diretor. “A DAJ me deu uma experiência incipiente na gestão e despertou minha sensibilidade para os problemas das pessoas mais humildes”, relatou ele, que também trabalhou como advogado na Fundep.
Impossibilitado de comparecer à homenagem a 24 ex-alunos de destaque, realizada no dia 5 de setembro, antevéspera do aniversário de 97 anos da UFMG, Anastasia recebeu sua medalha na Sala de Sessões. “Já recebi outras homenagens, mas algumas são mais especiais, como a de hoje. Devo o que sou à UFMG e à Faculdade de Direito”, agradeceu o ministro do TCU, que também falou de seu relacionamento com a Universidade já como ocupante de cargos da alta gestão governamental. “A relação sempre foi próxima e harmônica. Trabalhamos juntos [no governo de Minas], por exemplo, na criação do BH-TEC e do complexo olímpico [Centro de Treinamento Esportivo]”, contou ele, que se diz “entristecido quando ouve inverdades sobre a Universidade”.
Ao fim de seu curto pronunciamento, Anastasia destacou o papel civilizatório das instituições de ensino superior – “não há civilização sem conhecimento, e não há conhecimento sem universidade” – e se colocou à disposição para contribuir com o progresso da UFMG. “Onde eu estiver, podem contar comigo para ajudar a garantir autonomia, liberdade e condições de trabalho para a Universidade”, prometeu.
Personificação exemplar
Dirigindo-se ao homenageado como “professor” e não como “ministro” – “sei que ele prefere assim” –, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida afirmou que Anastasia é modelo de altivez e compromisso ético e cidadão com a sociedade brasileira. “Não resta dúvida que ele personifica, de maneira exemplar, o ethos da Medalha de Honra UFMG”, destacou a reitora, lembrando que Anastasia atuou, sempre que necessário, para garantir que a autonomia, a liberdade de cátedra e a função pública da universidade fossem respeitadas.
Como exemplo, Sandra Goulart citou a articulação política que viabilizou sua nomeação como reitora em 2022. “Talvez poucas pessoas conheçam – e agora creio que é o momento de dizê-lo – o relevante papel que exerceu, juntamente com outras figuras políticas do nosso estado, para assegurar que a UFMG tivesse a reitora que sua comunidade elegeu em um momento crítico da história das universidades federais, demonstrando a coesão e a força de Minas”, afirmou. “Este singelo tributo é uma forma de dizer que o senhor será sempre parte da UFMG, não importa onde estiver”, concluiu a reitora.
A homenagem
A Medalha de Honra UFMG é outorgada a cada quatro anos a egressos e egressas que ofereceram contribuições relevantes à sociedade e à Universidade e se tornaram referências nas áreas em que atuam. A outorga se dá sempre por proposição das unidades acadêmicas originárias de cada homenageado e por indicações da Reitoria – caso do ministro do TCU, Antônio Anastasia. Estão entre os agraciados da edição de 2024 a escritora e empresária Carla Madeira, o estilista Ronaldo Fraga, a ativista e ex-deputada federal Áurea Carolina, a deputada federal Dandara e a desembargadora Mônica Sifuentes, do Tribunal Regional Federal da 6ª Região.
Criada no ano de 2000, a Medalha de Honra UFMG já foi atribuída a 138 personalidades, algumas postumamente, como o ex-presidente Juscelino Kubitschek e o escritor Guimarães Rosa, graduados em Medicina, e o poeta Carlos Drummond de Andrade, formado em Farmácia.
Em 2008, foi conferida uma distinção especial a 11 alunos da Universidade que morreram em decorrência de sua luta contra a ditadura militar (1964-1985).
Trajetória do homenageado
Antonio Augusto Junho Anastasia, natural de Belo Horizonte, é jurista e professor. Bacharel em Direito, graduou-se em 1983 pela Faculdade de Direito da UFMG, que lhe agraciou com o Prêmio Barão do Rio Branco como melhor aluno de sua turma. É mestre em Direito Administrativo, também pela UFMG, onde lecionou durante anos.
Anastasia foi secretário de Estado de Planejamento e Gestão (2003-2006) e de Defesa Social (2005-2006). Foi vice-governador (2007-2010) e governador de Minas Gerais (2010-2014). Foi senador por Minas Gerais (2015-2022) e vice-presidente do Senado Federal (2019-2020). No governo federal, atuou como secretário-executivo do Ministério do Trabalho (1995-1999) e do Ministério da Justiça (1999-2001). Desde 2022, é ministro do Tribunal de Contas da União.
Fonte: UFMG
Fotos: Jebs Lima / UFMG