A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) alcançou um marco significativo ao conquistar dois prêmios em primeiro lugar no 46º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, anunciado em São Paulo no dia 10 de outubro. A EBC se destacou em duas das sete categorias do prêmio: fotografia e vídeo.
Na categoria fotografia, o prêmio foi atribuído ao repórter fotográfico Paulo Pinto, da Agência Brasil, por seu trabalho na reportagem “Passe Livre faz manifestação em São Paulo contra o aumento da tarifa”, assinada pelo jornalista Bruno Bocchini. A imagem vencedora foi capturada durante uma manifestação do Movimento Passe Livre, mostrando a abordagem policial na estação República do metrô. Paulo Pinto comentou sobre os desafios enfrentados para registrar a cena: “Não foi fácil fazer esse registro porque os policiais dificultavam o trabalho.”
Na categoria vídeo, a EBC levou o prêmio pela reportagem especial “Inocentes na prisão”, exibida no programa Caminhos da Reportagem. A equipe responsável pela produção, composta por Ana Passos, Gabriel Penchel, Adaroan Barros, Caio Araújo, Carlos Junior, Alex Sakata e Caroline Ramos, abordou as injustas prisões, especialmente de jovens negros, alvo de acusações errôneas. Ana Passos expressou sua satisfação com a conquista e a relevância dos relatos apresentados na reportagem, destacando a importância de combater as injustiças no sistema prisional.
O presidente da EBC, Jean Lima, ressaltou que o reconhecimento no Prêmio Vladimir Herzog demonstra o compromisso da empresa com o jornalismo público de qualidade. “Os trabalhos realizados pelo programa Caminhos da Reportagem e pelo fotógrafo Paulo Pinto refletem a essência do que buscamos entregar ao público: histórias que inspiram, denunciam e fazem a diferença na sociedade”, afirmou Lima.
A diretora de jornalismo da EBC, Cidinha Matos, também enfatizou a importância do prêmio, ressaltando que ele honra o trabalho diário da TV Brasil e da Agência Brasil na defesa da justiça, dos direitos humanos e da democracia. “Os prêmios são um reconhecimento ao esforço em aproximar nossos veículos da sociedade e de seus valores mais caros”, completou.
Organizada pelo Instituto Prêmio Vladimir Herzog, a premiação é uma das mais importantes do jornalismo brasileiro, celebrando aqueles que defendem a democracia, a paz, a justiça e os direitos humanos. A conquista da EBC neste evento reafirma seu papel fundamental na promoção de um jornalismo ético e responsável.
Vladimir Herzog: Um Símbolo da Luta pela Democracia no Brasil
Vladimir Herzog, conhecido como Vlado, nasceu em 27 de junho de 1937 em Osijek, então parte da Iugoslávia (atualmente Croácia). Sua infância foi marcada pela ocupação nazista, levando sua família a deixar sua cidade natal e passar por diversas localidades na Itália até emigrarem para o Brasil em 1946, desembarcando no Rio de Janeiro.
A família se estabeleceu em São Paulo, onde Vlado passou grande parte de sua juventude. Ele se formou no Colégio Estadual de São Paulo, participou de grupos de teatro amadores e ingressou na Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo, onde conheceu sua futura esposa, Clarice Ribeiro Chaves.
A carreira jornalística de Vlado começou em 1959, quando atuou como repórter no jornal O Estado de S. Paulo. Ele cobriu eventos importantes, como a inauguração de Brasília e a visita de Jean-Paul Sartre ao Brasil. Sua paixão pelo cinema o levou a se dedicar à crítica cinematográfica e à produção de documentários, incluindo “Marimbás” e colaborações em “Subterrâneos do Futebol” e “Viramundo”.
Além de seu trabalho em jornais, Vlado teve passagens marcantes pela TV Cultura, onde coordenou o jornal “Hora da Notícia” e, mais tarde, assumiu a direção de jornalismo. Sua trajetória também inclui atuações em rádios, revistas e como professor de jornalismo.
No contexto da ditadura militar, Vlado tornou-se um alvo. Em 24 de outubro de 1975, militares procuraram-no na TV Cultura. Ele se apresentou voluntariamente no Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi/SP) em São Paulo, onde foi brutalmente assassinado. O regime tentou encobrir o crime forjando uma versão de suicídio, que rapidamente foi desmentida pela população.
A morte de Vlado gerou uma onda de indignação. Mais de 8 mil pessoas compareceram à missa de 7º dia em sua homenagem, um ato ecumênico que contou com a presença de D. Paulo Evaristo Arns, do Rabino Henry Sobel e do reverendo Jaime Nelson Wright. Este momento se tornou um marco na luta pela democracia e um símbolo da resistência contra a repressão da ditadura.
Vladimir Herzog é lembrado como um ícone da luta pelos direitos humanos e pela liberdade de expressão no Brasil, e seu legado continua a inspirar aqueles que defendem a democracia e a justiça social.
Fonte e foto: Agência Brasil/ Instituto Vladimir Herzog