O tétano acidental, uma infecção grave causada pela bactéria Clostridium tetani, pode ser encontrado em lugares comuns como terra, poeira e água suja. Apesar de não ser contagioso, ele pode ser fatal se não tratado corretamente.
Hilda Peters Heringer, 78 anos, socióloga, tinha 7 anos quando viu seu irmão Oséias, um ano mais velho, morrer em decorrência da doença. “Foi uma perda irreparável para os meus pais, para os meus pequenos irmãos e para mim, que, os 7 anos de idade, assisti a partida inesperada de meu querido irmão, amigo e companheiro de infância”. Ela conta que, naquela época, não havia conhecimento sobre a vacina antitetânica. “Não sei se na época em que meu irmão primogênito morreu de tétano, em um curto período de enfermidade, já estava disponível a vacina antitetânica, pois nenhum médico fez menção a ela como forma de prevenção na época, nem depois”.
A importância da vacinação é ressaltada pela socióloga. “A falta deste recurso de prevenção, hoje disponível nos postos de vacinação públicos e particulares, trouxe muito sofrimento à família, que presenciou os dramáticos sofrimentos daquela criança, decorrentes dos sintomas da doença que os médicos não puderam aliviar”. Presenciar os sintomas da doença foi marcante: contraturas musculares, rigidez nos membros e abdômen, dificuldade para abrir a boca e dores nas costas e membros.
Para evitar situações como a ocorrida com a família de Hilda, diversas ações são realizadas pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). A referência em imunização da Superintendência Regional de Saúde de Belo Horizonte, Camila Freitas, explica como ocorre a prevenção em crianças. “A prevenção ocorre com o imunizante pentavalente. No primeiro ano de vida é aplicada a primeira dose. Ainda são feitos reforços aos 15 meses e 4 anos com vacina contendo o componente tetânico, conforme Calendário Nacional de Vacinação das crianças e ainda doses de reforços após os 10 anos de idade”.
Como mostra o gráfico abaixo, o índice de imunização mensal está abaixo do preconizado pelo Ministério da Saúde (MS). Em 2023 e 2024, até o momento, a cobertura vacinal está abaixo de 95% em Minas Gerais, segundo dados do Painel Localiza SUS. A referência em imunização da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Belo Horizonte, Camila Freitas, analisa a situação na área de abrangência dos 39 municípios da SRS BH. “Embora alguns municípios atinjam cobertura vacinal adequada, precisamos destacar que a homogeneidade vacinal para toda uma região é tão importante quanto manter coberturas adequadas”.
Tétano na gestação
O tétano neonatal, que afeta recém-nascidos, é transmitido pela contaminação do coto umbilical, que é uma pequena parte do cordão umbilical que fica ligada ao umbigo do recém-nascido depois que o cordão é cortado, que vai secar e acabar por cair. A vacinação adequada da mãe durante o pré-natal é crucial para proteger o bebê.
Gestantes devem receber uma dose da vacina dTpa a partir da 20ª semana de gestação. Se não vacinadas durante a gravidez, devem receber a dose no puerpério o mais rápido possível.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico e não depende de exames laboratoriais, que são usados apenas para controlar complicações. Em caso de apresentar sintomas, é necessário procurar imediatamente uma unidade de saúde e explicar ao médico como ocorreu a lesão para um tratamento adequado. O tratamento inclui sedação para evitar contraturas, neutralização da toxina, eliminação da bactéria e medidas de suporte.
Prevenção
A principal forma de prevenção é a vacinação. Vacinas como a dupla adulto, DTP e Pentavalente são essenciais para proteger contra essa doença. A infecção ocorre geralmente quando um ferimento na pele ou mucosa é contaminado. Os sintomas podem aparecer entre 3 a 21 dias após a infecção, com uma média de 5 a 15 dias.
O reforço deve ser feito a cada 10 anos ou, no caso de ferimentos, se a última dose foi há menos de 10 anos.
Segundo o Ministério da Saúde, outros cuidados para evitar a doença são:
– Limpar e desinfetar qualquer ferimento imediatamente após ocorrer.
– Evitar ferimentos profundos. Quanto mais profundo o corte, maior o risco de contaminação pelo Clostridium tetani.
– Usar calçados e luvas ao caminhar em áreas inundadas ou com lama.
– Evitar manusear terra, adubo ou objetos sujos caso você apresente feridas abertas nas mãos ou nos pés.
Em caso de ferimentos ou cortes, especialmente com objetos sujos ou enferrujados, procure uma unidade de saúde para avaliar a necessidade de uma dose de reforço da vacina2.
Procure uma Unidade de Saúde: As vacinas contra o tétano estão disponíveis em postos de saúde, clínicas e hospitais públicos e privados. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina gratuitamente.
Verifique o Calendário de Vacinação: A vacina contra o tétano faz parte do calendário de vacinação infantil e também é recomendada para adultos. A imunização completa inclui três doses iniciais na infância, com reforços a cada 10 anos.
Gestantes: Mulheres grávidas devem receber uma dose da vacina dTpa a partir da 20ª semana de gestação. Se não vacinadas durante a gravidez, devem receber a dose no puerpério o mais rápido possível.
Consulte um Profissional de Saúde: Se tiver dúvidas sobre seu histórico de vacinação ou precisar de orientação específica, consulte um médico ou enfermeiro. Eles podem verificar seu cartão de vacinação e recomendar as doses necessárias.
Fonte: Secretaria de Estado de Saúde
Foto: Ilustração – Copilot