Para proteger a saúde dos pacientes e garantir que os tratamentos oferecidos sigam as normas vigentes, evitando riscos e danos à saúde, a Agência está intensificando a fiscalização sobre o uso de produtos de terapias avançadas. A fiscalização acontece especialmente em produtos à base de células-tronco cultivadas, que não possuem registro ou aprovação para ensaios clínicos pela Anvisa.
Na semana passada, a Agência publicou a Resolução RE 3.402/2024, determinando a adoção de medidas fiscalizatórias na empresa R-Crio Criogenia S/A (CNPJ 19.208.189/0001-30), pelo uso terapêutico de células-tronco mesenquimais em pacientes brasileiros. A Anvisa constatou a utilização desse produto em oito pacientes, em desacordo com a legislação vigente.
A Agência tem recebido denúncias sobre o uso inadequado de células-tronco cultivadas e utilizadas indiscriminadamente, sem critérios de segurança e qualidade. São prometidos aos pacientes curas e tratamentos enganosos para doenças graves como Parkinson, Alzheimer, infecção por HIV, câncer, além de tratamentos estéticos, sem qualquer respaldo científico ou estudos controlados.
A Anvisa alerta para que não sejam utilizados tratamentos com produtos de terapias avançadas que não tenham a devida autorização da instituição, pois isso pode colocar em risco a vida e a saúde dos pacientes.
Tratamentos aprovados
Atualmente, os únicos tratamentos com células-tronco com eficácia e segurança reconhecidas no Brasil consistem em células-tronco formadoras de sangue (também conhecidas como células progenitoras hematopoiéticas). Esses tratamentos são:
– destinados aos transplantes de medula óssea;
– aprovados para uso em pacientes com distúrbios hematológicos, como leucemias e linfomas;
– indicados por médicos especialistas e administrados em serviços de saúde específicos (centros de transplantes).
As células-tronco cultivadas podem ser utilizadas na produção de produtos de terapias avançadas, que são classificados como medicamentos especiais. Nesse caso, as pesquisas clínicas precisam de aprovação prévia da Anvisa e o medicamento só pode ser utilizado na população após o registro na Agência. Saiba mais sobre os produtos de terapia avançada aqui.
O uso de produtos sem registro ou aprovação de ensaios clínicos pela Anvisa é proibido e pode resultar em penalidades severas para os responsáveis.
Tratamentos não aprovados e denúncias
Até o momento, não há nenhum produto à base de células-tronco cultivadas aprovadas pela Anvisa para uso populacional, destacando-se, por exemplo, que não há produto aprovado para as seguintes condições e doenças:
– qualquer condição ortopédica, como osteoartrite, tendinite, doença discal, cotovelo de tenista, dor nas costas, dor no quadril, dor no joelho, dor no pescoço ou dor no ombro;
– qualquer distúrbio neurológico, como esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença de Alzheimer, doença de Parkinson, epilepsia ou acidente vascular cerebral;
– qualquer doença cardiovascular ou pulmonar (pulmão), como doenças cardíacas, enfisema ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC);
– autismo, degeneração macular, cegueira, dor crônica ou fadiga.
Em caso de suspeita de uso ou comercialização de produtos de terapias avançadas sem registro e aprovação da Agência, recomenda-se entrar em contato com a Anvisa, por meio dos canais de atendimento.
Fonte: Anvisa
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