Dois trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão em uma carvoaria na cidade de Guimarânia, Minas Gerais, graças a uma ação conjunta entre o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF). A operação revelou jornadas exaustivas e condições de trabalho extremamente degradantes.
Os trabalhadores, oriundos de Montes Claros, enfrentavam jornadas de cerca de 14 horas diárias, de 5h30 da manhã até 18h, todos os dias da semana. As condições de alojamento eram precárias, com barracas de lona como dormitórios, alimentação insuficiente e água não potável. Eles relataram viver com fome frequente e foram obrigados a permanecer nessas condições devido ao medo de não receberem o pagamento prometido. Além disso, as despesas com transporte e alimentação foram descontadas de seus salários, que nunca foram devidamente pagos.
Segundo o procurador do Trabalho Hermano Martins Domingues, “os dois trabalhadores não tiveram suas carteiras de trabalho assinadas e já estavam há mais de 30 dias sem receber salário. As despesas de transporte e alimentação eram descontadas de seus vencimentos, e não havia formalização dos contratos de trabalho”.
O relato dos trabalhadores confirma que estavam comendo apenas arroz e feijão por vários dias e viviam em condições de extrema carência. Auditores fiscais Deusdedit Rodrigues e Gustavo Pereira descreveram os alojamentos como insalubres, com ausência de água potável, banheiro e chuveiro. Além disso, o espaço era infestado por animais peçonhentos, como escorpiões, cobras e ratos.
No local de trabalho, os operários lidavam com tratores e motosserras sem treinamento adequado e sem equipamentos de proteção individual, colocando em risco sua segurança e saúde.
Como resultado da operação, o empregador foi notificado para regularizar a situação, incluindo o pagamento dos salários devidos, as verbas rescisórias, a formalização dos contratos de trabalho e o custeio das passagens de volta para a cidade de origem dos trabalhadores. Além disso, as barracas de lona utilizadas como alojamentos foram interditadas pelas autoridades.
Fonte e foto: MPT