Em 2024, a segunda edição do Guia Alimentar para a População Brasileira celebra uma década de orientações nutricionais. Lançado pelo Ministério da Saúde, o guia atualizou suas recomendações com o objetivo de promover uma alimentação saudável que beneficie a saúde individual, respeite as tradições locais e proteja o meio ambiente. Entre as principais diretrizes desta edição está a recomendação para evitar alimentos ultraprocessados, como biscoitos recheados, salgadinhos e refrigerantes, devido ao seu baixo valor nutricional e ao impacto negativo na saúde, contribuindo para a obesidade e doenças associadas.
Apesar dos seus impactos negativos, alimentos ultraprocessados continuam atraentes devido ao seu preço acessível, alta disponibilidade e sabor. Dados recentes do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) revelam que, no ano passado, 22% dos homens e 16% das mulheres em Belo Horizonte consumiram cinco ou mais tipos desses alimentos no dia anterior à pesquisa. Esta amostra de adultos com mais de 18 anos foi obtida em todas as 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal, totalizando 21.690 entrevistas.
Além de seus efeitos na saúde, os alimentos ultraprocessados também têm impactos culturais, sociais e ambientais. Culturalmente, esses produtos promovem marcas padronizadas e campanhas publicitárias que desvalorizam as tradições alimentares locais, especialmente entre os jovens. Socialmente, seu consumo, frequentemente associado a momentos de isolamento, reduz as oportunidades de interação e compartilhamento de refeições. Ambientalmente, a produção desses alimentos contribui para a poluição devido a embalagens não biodegradáveis, monoculturas que afetam a biodiversidade e o consumo elevado de recursos naturais.
Kelly Alves, do Ministério da Saúde, destaca que o objetivo do guia é incentivar escolhas alimentares saudáveis e informar a população sobre as práticas alimentares positivas e negativas. “Não se trata de uma abordagem de proibido e permitido, mas sim de promover uma alimentação adequada e saudável”, explica. O guia, que surgiu em 2006 com diretrizes alimentares oficiais, foi revisado e atualizado em 2014 em colaboração com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP) e a Organização Panamericana de Saúde (Opas). Apesar de sua atualização há uma década, a versão continua relevante, refletindo a persistência de problemas de saúde relacionados à alimentação inadequada.
Fonte: Gov.com / Foto: Freepik