Torcedores assistiram a vídeo no telão da Arena Independência com conteúdo sobre o combate ao femincídio. Os canais de denúncia também foram informados no guia do jogo distribuído ao público
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (CAO-VD), da Coordenadoria Estadual das Promotorias de Justiça do Tribunal do Júri (Cojur) e da Ouvidoria das Mulheres, o América Futebol Clube, o Clube Atlético Mineiro e o Cruzeiro Esporte Clube se unem para combater a violência contra a mulher e o feminicídio. Será lançada, em março, mês da Mulher, a campanha Cartão Vermelho ao Feminicídio, iniciativa que se estenderá até novembro de 2025, em rodadas do Campeonato Brasileiro. O feminicídio é o assassinato de uma pessoa do sexo feminino de qualquer idade, motivado por violência doméstica ou aversão à condição de ser mulher.
O pontapé inicial aconteceu neste sábado, 22 de fevereiro. Em uma prévia da campanha, durante a partida entre América e Cruzeiro, na semifinal do Mineiro, na Arena Independência, foi veiculado vídeo no telão do estádio pedindo que toda violência contra mulheres seja denunciada. A animação começa com o som de um apito. Em seguida, a voz de uma mulher alerta: “Se você for vítima de violência doméstica, denuncie! Empurrões, xingamentos e humilhações também são tipos de violência! Não espere a violência aumentar para denunciar”.
Na sequência, aparecem no telão os canais de denúncia e de atendimento às mulheres vítimas de qualquer tipo de violência (física, psicológica, moral, patrimonial ou sexual). Ao mesmo tempo, uma voz masculina reforça: “Se presenciar ou suspeitar que uma mulher está sendo vítima de violência, denuncie!”. E as duas vozes se unem para concluir: “Essa luta é de todos nós!” Os torcedores também receberam, no guia do jogo, os contatos dos canais de denúncia e atendimento.
A parceria entre o MPMG e os clubes de futebol tem o objetivo de sensibilizar torcedores, jogadores e toda a sociedade sobre a importância de relações igualitárias, de uma vivência saudável e não violenta da masculinidade, além de ressaltar a responsabilidade coletiva no enfrentamento à violência contra a mulher e ao feminicídio.
“O futebol é uma poderosa plataforma de comunicação de massa. Clubes de futebol e ídolos do esporte desempenham um papel fundamental na formação de valores e comportamentos, especialmente entre os homens. Esse potencial pode ser mobilizado para promover mudanças sociais, incluindo o enfrentamento à violência contra a mulher”, destaca a coordenadora do CAO-VD do Ministério Público, promotora de Justiça Denise Guerzoni.
Dados do estudo Futebol e Violência contra a Mulher, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em 2022, revelam que, nos dias de jogos de futebol, os registros de ameaças contra mulheres aumentam em 23,7%, e os casos de lesão corporal dolosa crescem 20,8%. De acordo com o MPMG, Minas Gerais ocupa a 2ª colocação no ranking dos Estados brasileiros com mais feminicídios, atrás somente de São Paulo.
Denise ressalta que, apesar de os índices de feminicídio terem apresentado leve queda, as tentativas de feminicídio estão em elevação. “Esses números evidenciam a urgência de ações que dialoguem diretamente com o público masculino. A violência contra a mulher e o feminicídio atingem todas as classes sociais”, justificou a promotora de Justiça.
Denúncia
Qualquer pessoa pode denunciar casos violência contra a mulher, pela Ouvidoria do MPMG (telefone 127) ou pela Central de Atendimento à Mulher, o Ligue 180. Em situações de urgência e perigo iminente, é recomendàvel acionar a Polícia Militar pelo 190.
Fonte e foto: MPMG