Um estudo publicado na revista PNAS, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, revelou que um grupo de macacos-prego que vive em uma mata em uma fazenda de Montes Claros foi capaz de produzir lascas de pedra. A descoberta é um passo importante para entender a evolução da espécie, uma vez que ao atingir esse feito, os primatas alcançaram um estágio evolutivo semelhante ao da idade da pedra lascada.
A pesquisa foi liderada pelos cientistas Tomos Proffitt e Lydia Lunez, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, com participação dos brasileitos Paula Medeiros e Waldney Martins, da Universidade Estadual de Montes Claros.
No entanto, os animais não fazem isso de forma intencional. As lascas são produzidas de forma involuntária por meio de comportamentos cotidianos, como a quebra de nozes, que é um comportamento natural da espécie Sapajus xanthosternos (macaco-prego-do-peito-amarelo).
O estudo ainda apresenta semelhanças nas lascas produzidas pelos macacos brasileiros em comparação com outros primatas, como os macacos de cauda longa na Tailândia, já que a produção do material conta com bordas afiadas. Mas a equipe destacou diferenças importantes nas assinaturas dos materiais associadas ao uso dessa ferramenta, que são baseadas na disponibilidade de matéria-prima, como o tamanho das lascas.
As descobertas do estudo enfatizam a importância de estudar primatas modernos para explorar as raízes evolutivas do comportamento humano. E, segundo um dos pesquisadores, Tomos Proffitt, a pesquisa ressalta a necessidade de ampliar a perspectiva e incorporar o espectro completo de registros materiais de primatas e hominídeos para entender melhor o que levou ao surgimento da tecnologia de pedras.
Por Juliana Carvalho
Com informações do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva e Jornal O Globo
Foto: reprodução/ Waldney Pereira Martins/ Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva