O número de transações realizadas pelo Pix, o sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central em 2020, registrou uma queda significativa nos primeiros dias de janeiro de 2025. Esse recuo é o maior desde o lançamento do sistema, surpreendendo o mercado e os consumidores, principalmente em um período que costuma registrar altos volumes de transferências.
De acordo com dados do Banco Central, o período de 4 a 10 de janeiro deste ano apresentou uma queda acentuada nas transações em comparação com os meses anteriores, incluindo dezembro de 2024. Esse período é crucial, pois costuma refletir o maior volume de transações mensais devido ao pagamento de salários. Historicamente, o número de transações do Pix tem crescido de maneira consistente, com exceção de julho de 2024. A queda registrada agora reflete não apenas um comportamento sazonal, mas também fatores externos, como uma série de rumores e incertezas em torno de uma possível tributação sobre o Pix e outras mudanças fiscais no país.
Entre os fatores que influenciaram essa queda, estão as fake news que circularam nas redes sociais, gerando incertezas entre os usuários. Circulavam informações falsas sobre a criação de novos impostos sobre as transações via Pix e sobre a perda de sigilo bancário, gerando medo entre os consumidores, especialmente entre autônomos e pequenos comerciantes. Essas fake news, associadas a dúvidas sobre o impacto da fiscalização da Receita Federal sobre movimentações menores, contribuíram para a diminuição das transações.
Além disso, houve uma mudança recente nas normas da Receita Federal, ampliando a fiscalização das movimentações financeiras. A partir de janeiro, as instituições de pagamento também foram obrigadas a informar transações superiores a R$ 5 mil mensais para pessoas físicas e R$ 15 mil para empresas. Anteriormente, essa obrigação era limitada a grandes bancos, e agora inclui outras instituições que operam o Pix, como fintechs e plataformas de pagamento.
Essa mudança, embora não se refira diretamente ao Pix, gerou especulação sobre uma possível taxação ou aumento da fiscalização sobre os usuários do sistema. No entanto, a Receita Federal esclareceu que o objetivo da atualização é focar em identificar grandes esquemas de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e fraudes, e não afetar pequenos valores movimentados por trabalhadores informais e comerciantes. O secretário da Receita, Robinson Barreirinhas, afirmou que a mudança visa garantir mais transparência nas transações financeiras, protegendo os contribuintes de cair na malha fina indevidamente.
Com mais de 6 bilhões de transações mensais até o fim de 2024 e um volume financeiro de R$ 2,5 trilhões, o Pix continua sendo o meio de pagamento mais utilizado no Brasil. Contudo, a queda nas transações de janeiro 2025 reflete a incerteza gerada por rumores e mudanças fiscais. A expectativa é que, com o tempo, a confiança dos usuários seja restaurada e que as transações voltem aos níveis anteriores.
Fonte e foto: redes sociais