O Instituto Estadual de Florestas (IEF) disponibilizou um manual de boas práticas para a conservação do peixe Surubim-do-Jequitinhonha. O documento contém orientações para Proteção e Conservação do Steindachneridion amblyurum, uma espécie rara, considerada criticamente ameaçada de extinção.
O objetivo é informar ao público em geral, gestores e tomadores de decisão práticas que podem beneficiar a conservação das populações peixe Surubim-do-Jequitinhonha, bem como as ações que devem ser evitadas e que colocam ainda mais em risco a espécie.
Trata-se de um peixe raro da família Pimelodidae que habita áreas profundas, com correnteza e fundos rochosos, principalmente na bacia do Rio Jequitinhonha. Se alimenta de outros peixes e reproduz no início da estação chuvosa. Seu corpo alongado, adornado com um padrão requintado de manchas escuras em um fundo mais claro, funciona como uma excelente camuflagem. Podendo alcançar meio metro, esses bagres podem atingir comprimentos consideráveis. Como a espécie se situa no topo da cadeia alimentar do rio, possui sensibilidade natural às alterações ambientais.
A espécie ocorre em poucas localidades nos municípios de Grão Mogol, Berilo, Itira, Águas Vermelhas, Araçuaí e Almenara, na porção norte de Minas Gerais. Sua ocorrência é conhecida nos rios Jequitinhonha, Araçuaí, Mosquito (bacia do Rio Pardo) e reservatório de Irapé.
“Assim como o ser humano, o Surubim-do-Jequitinhonha tem direito de existir e perpetuar sua espécie. Nossa geração, bem como as futuras, tem direito de conhecer o peixe, sua evolução e as relações ecológicas e devemos lembrar que a extinção é para sempre”, observa a analista ambiental do IEF, Janaína Aguiar. “Além disso, preservando a qualidade ambiental para essa espécie, garantimos um ecossistema equilibrado e água limpa para toda a sociedade”, destaca.
Elaboração
Para dar suporte ao projeto do Manual, foi utilizado o conhecimento de profissionais incluindo pesquisadores, gestores públicos, mobilizadores sociais e comunidades das áreas de ocorrência.
Os acadêmicos alertam para o fato de a espécie estar sofrendo um declínio devido às atividades humanas ao longo da bacia do Jequitinhonha. Comunitários e gestores que possuem conhecimento histórico sobre o peixe confirmam tal fato, inclusive indicando os mesmos vetores de ameaça à espécie.
Para conhecer as áreas de ocorrência, avaliar o grau de preservação e mobilizar as comunidades e prefeituras, foi realizada uma expedição em de janeiro de 2024. Ao longo do trajeto, aconteceram dois encontros presenciais em Grão Mogol e Araçuaí nos quais foram coletadas e trocadas informações com pessoas de diferentes formações, históricos e vivências, a fim de agrupar o máximo de informação de maneira colaborativa, horizontal e participativa.
Sobre o PAT Espinhaço Mineiro
O IEF participa, desde 2020, do Projeto Pró-Espécies: Estratégia Nacional para conservação de espécies ameaçadas, coordenando a elaboração e a execução dos Planos de Ação Territorial (PAT) para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção para os territórios que abrangem o estado de Minas Gerais. O IEF é coordenador no âmbito do PAT – Plano de Ação Territorial para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção Espinhaço Mineiro.
O território do PAT Espinhaço Mineiro abrange uma área com 105.251 km2, perpassando os biomas Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica. São alvo desse PAT 24 espécies CR lacunas, sendo 19 espécies da flora, 3 espécies de peixes e 2 espécies de invertebrados, entretanto, os efeitos positivos das ações do plano também serão refletidos em pelo menos 1787 outras espécies ameaçadas presentes no território (espécies beneficiadas).
O Projeto Pró-Espécies é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA), financiado pelo Fundo Global de Meio Ambiente e implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), sendo a agência executora o WWF-Brasil em parceria com os estados.
Fonte: IEF
Foto: PAT Espinhaço Mineiro