A Corrida Internacional de São Silvestre, uma das principais provas de rua do Brasil e do mundo, chega à sua 99ª edição neste ano, com grande expectativa tanto para os atletas quanto para o público. Realizada pela primeira vez em 1925, idealizada pelo jornalista Cásper Líbero, a corrida se tornou uma tradição de fim de ano em São Paulo. Após ser interrompida em 2020 devido à pandemia, a prova retorna com um número expressivo de participantes e com um destaque especial para o aumento da participação feminina.
Em 2024, mais de 37,5 mil corredores são esperados, representando 40 países. Desse total, 14.625 são mulheres, o que representa um crescimento de 2% em relação ao ano anterior. Entre as inscritas, figuras como Kleidiane Barbosa Jardim, que ficou em sétimo lugar na edição de 2023 e busca o pódio em 2024, se destacam. “Minha expectativa é de que eu seja melhor do que em 2024”, afirmou a atleta em entrevista coletiva, demonstrando confiança para superar a performance do ano passado.
Destaques na elite feminina
O pelotão de elite feminino da São Silvestre será muito competitivo, com a presença de brasileiras fortes como Nubia de Oliveira Silva, campeã da Asics Golden Run SP, e Mirela Saturnino de Andrade, vencedora do campeonato sul-americano de maratona em 2017. Embora o Brasil não vença a prova desde 2006, com Lucélia Peres, as atletas nacionais estão otimistas. “Cheguei aqui com grande expectativa, fiz uma ótima preparação e vamos buscar [a vitória]. Eu acredito muito que é possível”, afirmou Nubia.
Entretanto, o desafio é grande, pois as quenianas dominam a prova nos últimos anos. Nas últimas 15 edições, elas venceram em 12 ocasiões. Em 2024, algumas das principais concorrentes da elite feminina incluem Agnes Keino, Cynthia Chemweno, Salome Chepchumba, Vivian Kemboi e Viola Kosgei, todas do Quênia. “Estou preparada e imagino que vai correr tudo bem”, disse Cynthia Chemweno. Agnes Keino também se mostrou confiante, completando: “Estou forte e espero fazer o melhor.”
Desafios e falta de incentivo para as atletas brasileiras
Apesar da presença de talentos como Kleidiane, Nubia e Mirela, as atletas brasileiras enfrentam desafios que vão além da preparação física. A falta de incentivo é apontada como um dos principais obstáculos para que o Brasil volte a conquistar o título feminino da prova. “É preciso trazer mais o público feminino para as provas, incentivar mais”, afirmou Kleidiane Barbosa Jardim. Mirela Saturnino compartilhou a mesma opinião, ressaltando que o esporte pode ser uma ferramenta de transformação social. “Quem sabe de onde eu vim, sabe o que eu hoje me tornei através do esporte. Foi o esporte que me salvou”, revelou a atleta.
A também brasileira Nubia de Oliveira Silva destacou a importância do esporte como meio de autodescoberta e transformação para as mulheres. “Todas as mulheres podem chegar aonde a gente chegou. Só precisa acreditar. Elas podem querer ser atletas profissionais ou buscar a corrida para melhorar sua vida, melhorar a saúde mental”, afirmou.
Elite masculina
Assim como no feminino, a elite masculina da São Silvestre também terá grande competitividade. O domínio dos atletas africanos, especialmente dos quenianos, é evidente. Desde 1992, o Quênia tem dominado a competição, com 18 vitórias no feminino e 17 no masculino. No entanto, países como Etiópia e Uganda também têm se destacado nas últimas edições, com a Etiópia conquistando seis das últimas dez vitórias.
Para os brasileiros, a última vitória na prova masculina foi em 2010, com Marilson Gomes dos Santos. Em 2024, o Brasil aposta em atletas como Fábio de Jesus Correia, Ederson Vilela e Johnatas de Oliveira Cruz, que buscarão o pódio. Ederson Vilela, bicampeão da Maratona de Curitiba, chegou com boas expectativas após um excelente desempenho no ano. “Tive um ano muito bom, principalmente em provas de distâncias mais longas. Chego com a minha melhor preparação”, afirmou Ederson.
Os atletas brasileiros sabem que a corrida é desafiadora, especialmente pela subida final da Avenida Brigadeiro Luís Antônio. “A São Silvestre é uma prova muito desafiadora. Começa muito rápido e, no final, é a subida, que é onde vai decidir [o pódio]”, comentou Fábio de Jesus Correia. Johnatas de Oliveira Cruz também analisou o percurso: “Ela desce muito [a descida da região do Estádio do Pacaembu] e depois tem aquela parte final, que sobe muito. A preparação para São Silvestre demanda essas três fases.”
Dificuldade para os atletas brasileiros
Uma crítica comum entre os atletas brasileiros é a falta de treinamento coletivo no país, o que prejudica o desempenho comparado aos atletas estrangeiros, que costumam treinar em grupos. “O brasileiro tem que começar a tomar essa cultura como, por exemplo, correr do primeiro até o décimo quilômetro se ajudando”, argumenta Fábio de Jesus Correia. Johnatas de Oliveira Cruz complementou: “A preparação deles e o nível técnico acabam se sobressaindo porque o trabalho em grupo faz toda a diferença.”
Detalhes da 99ª Edição
A 99ª Corrida Internacional de São Silvestre começará às 7h25 com a largada da categoria cadeirantes. A elite feminina começará a prova às 7h40, enquanto a elite masculina largará às 8h05, seguida por outros pelotões, incluindo o pelotão geral, que, pela primeira vez, terá a largada em ondas. A corrida tem um percurso de 15 km e passará por alguns dos principais pontos turísticos de São Paulo, com largada na Avenida Paulista e chegada na frente do prédio da Fundação Cásper Líbero, também na Avenida Paulista.
Com as informações da Agência Brasil
Foto: Paulo Pinto / Agência Brasil