Após mais de um século de espera, a promessa feita pelo Tratado de Petrópolis, em 1903, finalmente está se tornando realidade. Na última sexta-feira (8), foi assinada a ordem de serviço para o início das obras da ponte binacional que ligará as cidades de Guajará-Mirim, em Rondônia, e Guayaramerín, no departamento boliviano de Beni. O ato foi realizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro dos Transportes, Renan Filho.
O projeto da ponte, que deve ser concluído em até três anos, receberá um investimento de R$ 421,398 milhões do Governo Federal. A obra beneficiará cerca de 180 mil pessoas que vivem na fronteira entre Brasil e Bolívia. A estimativa inclui não apenas os moradores das cidades diretamente conectadas pela travessia, mas também as populações dos distritos vizinhos, trabalhadores em circulação e áreas conectadas pelas BRs 425 e 421.
Durante a cerimônia, o presidente Lula destacou a importância da obra, afirmando que o governo não se limita a realizar projetos, mas busca transformar a vida das pessoas. “Retorno a Rondônia após dois anos e meio e tenho orgulho de que trouxemos obras que marcarão o futuro, como esta ponte”, afirmou. “Governar não é apenas fazer obras, é transformar a vida das pessoas.”
Renan Filho, por sua vez, ressaltou que o fim da espera de mais de 100 anos simboliza a concretização de um compromisso. “O tempo da espera acabou. Desde 1903, essa ponte era aguardada. Quando o Governo Federal retomou esse compromisso e incluiu a obra no Novo PAC, ficou claro que ela deixaria de ser promessa para se tornar realidade”, afirmou. Ele também frisou o caráter integrador da obra: “Enquanto alguns constroem muros, separam pessoas e criam barreiras, nós trabalhamos para construir pontes, promover a integração com os países vizinhos e melhorar a vida de quem mais precisa.”
A importância da ponte foi reforçada pelo presidente da Bolívia, Luis Arce, que também participou da cerimônia. Ele destacou que a obra vai além da infraestrutura, representando um símbolo da integração e da irmandade entre os dois países. “Esta obra vai muito além da infraestrutura; é um símbolo da integração e da irmandade entre nossos povos, fortalecendo nossas relações e o intercâmbio comercial”, afirmou Arce. Ele ainda ressaltou que a ponte será uma importante conquista para o desenvolvimento do norte boliviano e um presente para o bicentenário da independência da Bolívia.
Atualmente, a travessia entre Brasil e Bolívia é feita por balsas que cruzam o rio Mamoré. Roberta Alessandra, uma estudante brasileira que viaja diariamente entre os dois países para estudar medicina na Bolívia, relatou as dificuldades da travessia. “Tem alunos que ficam até a noite e precisam voltar para casa, o que é perigoso por causa do rio. Ainda tem o tempo de espera, o barco só sai quando juntam umas dez pessoas, então demora mais”, contou. Ela acredita que a ponte trará grandes melhorias: “Se tivesse a ponte, facilitaria muito, porque aí a pessoa poderia vir de bicicleta, carro, moto. Melhoraria demais a vida dos estudantes.”
Com a construção da ponte, espera-se uma maior fluidez no transporte entre as duas nações, além de um fortalecimento das relações econômicas e sociais, tornando-se um marco para a integração regional.
Da redação do Jornal Panorama
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