O G1 ouviu quinze das maiores redes de hospitais privados da capital paulista e ao menos doze abriram os números e mostram que não são apenas médicos e enfermeiros que estão sujeitos a contrair o vírus na linha de frente contra a pandemia (Foto: Wang Yuguo / Xinhua via AP)
Grandes hospitais da capital paulista já afastaram 1.421 profissionais com suspeita ou confirmação de coronavírus desde o início da pandemia na cidade de São Paulo, segundo levantamento feito pelo G1 e pela TV Globo entre quinze grandes redes da cidade de São Paulo.
Os dados foram colhidos entre segunda-feira (30) e esta quarta-feira (01). Das quinze maiores redes de hospitais da capital paulista, ao menos doze abriram os números para reportagem.
- Hospitais São Camilo – 441 afastados (33 confirmados com coronavírus)
- Hospital Albert Einstein – 348 afastados
- Rede Prevent Senior – 179 afastados (82 confirmados com Covid-19 e 92 negativados)
- Hospital das Clínicas – 125 afastados (108 contaminados)
- Hospital Sírio-Libanês – 104 afastados
- Hospital Alemão Oswaldo Cruz – 66 afastados por contaminação (38 casos confirmados e 28 aguardando resultado de teste)
- Beneficência Portuguesa de São Paulo – 40 afastados (3 já retornaram ao trabalho)
- Hospital do Coração (HCor) – 57 afastados (40 confirmados e 17 aguardando resultado de testes)
- Hospital Santa Catarina – 26 afastados
- Hospital AC Camargo – 17 afastados
- Grupo Leforte – 14 contaminados
- Hospital Nipo-Brasileiro – 04 contaminados
Três hospitais não informaram a quantidade de colaboradores afetados pelo coronavírus: a Rede D’Or-São Luiz, Nove de Julho e Samaritano SP. Eles justificaram, por meio de nota, que os casos estão sendo notificados diretamente para as autoridades sanitárias. (veja notas abaixo)
O único hospital público que entrou na lista foi o Hospital das Clínicas (HC), com 125 afastados. A reportagem procurou a assessoria de imprensa das secretarias municipal e estadual de saúde de São Paulo para saber o número total de afastamentos do setor público, mas não obteve retorno até o fechamento da reportagem.
Rede pública na Grande SP
Por causa da ausência de dados no setor público, a reportagem da TV Globo procurou algumas prefeituras na Grande São Paulo para saber o número de infectados nas redes municipais de saúde das cidades. Ao menos cinco prefeituras responderam: Itapevi, Osasco, Diadema, Rio Grande da Serra e Guarulhos.
No total, onze funcionários da rede pública da Grande São Paulo contraíram o coronavírus. Ao menos três deles são médicos, quatro são enfermeiros e um fisioterapeuta, conforme os números a seguir:
- Itapevi – 3 infectados (médicos)
- Osasco – 3 infectados (2 enfermeiros e 1 fisioterapeuta)
- Diadema – 1 infectado (enfermeiro)
- Rio Grande da Serra – 1 infectado (não informado)
- Guarulhos – 3 infectados (não informado)
A Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) afirmou que está preocupada com a exposição dos trabalhadores dos hospitais ao coronavírus e tem feito ações junto às empresas e governos para redobrar os cuidados durante a pandemia de Covid-19.
A entidade, revela, contudo, que “as empresas e hospitais particulares enviaram documentos à Anahp relatando o confisco, por parte de governos municipais, estaduais e Ministério da Saúde, de materiais essenciais para o enfrentamento ao coronavírus”. Insumos como luvas, máscaras, álcool em gel e até respiradores integram essa lista, segundo a entidade.
“A Anahp alerta que esse confisco cria o risco de uma ruptura na cadeia de suprimentos, afetando diretamente o tratamento de pacientes infectados pelo Covid-19. Além da ruptura, a situação origina instabilidades jurídica e econômica, pois muitos desses materiais já estavam vendidos para instituições privadas. Como tem feito desde o início, a Anahp segue procurando caminhos para garantir a saúde da população brasileira, além de entender que seja necessário um melhor planejamento para a demanda de insumos. Toda essa mobilização busca, como denominador comum, o atendimento de qualidade em todos os setores da saúde, seja ele público ou privado”, afirma a entidade.
Números dos hospitais
Os hospitais São Camilo, o Albert Einstein e a rede Prevent Senior foram os que tiveram o maior número de empregados afastados pela doença até agora. Na rede São Camilo, 441 funcionários de diversos setores foram afastados das atividades por suspeita do Covid-19. De acordo com a empresa, ao menos 33 deles testaram positivo para a doença.
A rede de hospitais São Camilo de São Paulo informa também “que esse número é bastante dinâmico, podendo variar diariamente na medida em que os resultados dos exames são conhecidos”.
No Albert Einstein, 348 pessoas também foram afastadas das atividades diárias no hospital por causa da doença. O número representa 2% dos 15 mil colaboradores que trabalham no hospital. Treze destes funcionários estão internados.
Em nota, o hospital disse que dos 348 funcionários, 169 são profissionais como médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. Ao menos 47 deles já retornaram ao trabalho desde 25 de fevereiro, segundo o hospital.
O Albert Einstein fez questão de informar que “o hospital registra o seu reconhecimento pela coragem, dedicação e sacrifício de todos os que estão na linha de frente do atendimento aos pacientes. O Einstein mantém-se empenhado em assegurar que cada colaborador esteja protegido com os equipamentos de segurança indicados pelos órgãos competentes e que recebam a assistência necessária em caso de adoecimento.”
Na rede Prevent Senior, especialista no tratamento de idosos e que concentra as várias unidades do hospital Sancta Maggiore, 179 pessoas fora afastadas do trabalho com suspeita de infecção entre os 10 mil colaboradores.
De acordo com a empresa, desses 170 colaboradores, 82 testaram positivo para o coronavírus e os outros 97 tiveram o exame negativado.
“As infecções se deram, ao que tudo indica, fora das unidades — o que tecnicamente é chamado de “infecção comunitária””, informou a Prevent Senior.
Sírio-Libanês afasta 104 funcionários
Cento e quatro funcionários do Hospital Sírio-Libanês em São Paulo foram afastados por 14 dias após testarem positivo para o coronavírus.
Segundo a assessoria da instituição, assim que os colaboradores apresentaram os primeiros sintomas, fizeram o teste e deixaram de exercer suas atividades.
Ainda de acordo com o hospital, os funcionários são de diversas áreas que têm contato direto com pacientes, entre elas, enfermaria, limpeza, recepção e manutenção.
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HCor em SP
O HCor informa que até esta quarta-feira (1) tem 57 empregados afastados por causa do coronavírus. Cerca de 40 profissionais tiveram a confirmação de covid-19, sendo que 28 deles atuam na linha assistencial da rede de hospitais. Outro grupo de 17 trabalhadores, que também estão afastados, aguarda por resultados de exames realizados.
“Observamos que, de todos os testes já realizados em profissionais com queixas respiratórias, aproximadamente, 84% têm resultado negativo para COVID-19. Desde o início da pandemia, 50 trabalhadores testaram positivo para o novo coronavírus e 10 já retornaram às suas funções. O número geral representa cerca de 1% do total de profissionais do hospital”, afirma o HCor.
AC Camargo e Oswaldo Cruz
Com 17 colaboradores afastados por coronavírus, o A.C.Camargo Câncer Center informa que “tem seguido todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde para preservar a saúde de seus profissionais”.
O hospital informou ainda que todos os profissionais afastados das atividades “apresentam bom estado de saúde e vem sendo acompanhados pela equipe de medicina ocupacional” do próprio AC Camargo.
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz informou que teve até o momento 66 colaboradores afastados por contaminação pelo coronavírus. São 38 casos confirmados e 28 aguardando resultado de teste de Covid-19.
Do total de afastados, o hospital informa que 33 são profissionais de saúde (dois deles médicos) e 33 são empregados de áreas de apoio, o que mostra que não só os colaboradores das áreas em contato direto com o atendimento aos pacientes estão sujeitas a contrair o vírus.
Ações da Beneficência Portuguesa de SP
A Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP) também informou ao G1 que até o momento registrou o afastamento de 40 colaboradores por Covid-19, a infecção respiratória causada pelo novo coronavírus. O número representa 0,5% do total de colaboradores da instituição, segundo o levantamento da empresa.
De acordo com o hospital, “toda a assistência necessária está sendo prestada para que eles possam enfrentar esse momento”. De total de empregados afastados, ao menos três já retornaram ao trabalho.
A Beneficência Portuguesa de São Paulo afirma que desde o início da pandemia de Covid-19 “vem seguindo rigidamente os protocolos de enfrentamento da doença, preconizados pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS)”.
O hospital diz também que inúmeras iniciativas foram colocadas em prática na instituição durante as últimas semanas para proteger os colaboradores, especialmente aqueles que estão na linha de frente ao combate contra a Covid-19. Entre as iniciativas citadas pelo hospital estão a diminuição da circulação de pessoas, limitando, inclusive, as visitas aos pacientes internados, transferência de atividades para o modelo remoto via home office para colaboradores das áreas administrativas, intensificação da comunicação sobre o correto uso de equipamentos de proteção individual (EPI) entre os empregados da linha de frente dos atendimentos, entre outras ações.
A BP informa também que recentemente intensificamos a restrição de acesso ao hospital por meio de pontos de pré-triagem, onde todos os que precisam entrar na instituição são checados para aferir sintomas ou histórico de risco para contágio da doença.
“Desde o início da mobilização foram definidos espaços específicos para atendimento a pacientes confirmados ou com suspeita de covid-19, segregando pacientes sem relação com a doença, que continuaram sendo atendidos em suas necessidades de saúde. A limpeza dos ambientes foi reforçada, seguindo todas as diretrizes de prevenção de doenças infecciosas e nosso Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCHI) está totalmente voltado para essa situação enfrentada por todos os serviços de saúde do País”, declarou o diretor-executivo médico e de desenvolvimento técnico da BP, Luiz Eduardo Loureiro Bettarello.
Nota da Rede D’or – São Luiz:
“A Rede D’Or informa que o Ministério da Saúde e as Secretarias Estaduais de Saúde são os responsáveis pela divulgação de casos de Covid-19. A Rede está seguindo os protocolos e normas preconizados pelo Ministério da Saúde. Houve uma intensificação do treinamento dos protocolos de segurança e planos de contingência em todas as suas unidades. Tudo isso para garantir a segurança de seus funcionários e atendimento de seus pacientes”.
Nota do Hospital 9 de Julho:
“O Hospital informa que, para a segurança das informações veiculadas, notifica às autoridades sanitárias os números de casos suspeitos e ou confirmados. Toda informação estatística deve ser vista diretamente com o Ministério da Saúde”.
Nota do Hospital Samaritano de SP:
“As notificações de casos suspeitos de coronavírus por hospitais privados são realizadas às secretarias municipais e estaduais de saúde. Por recomendação do Ministério da Saúde, informações sobre as notificações recebidas devem ser consultadas diretamente com esses órgãos. As informações epidemiológicas sobre o coronavírus estão sendo divulgadas diariamente pelo Ministério da Saúde”.
Nota da Rede São Camilo:
“A Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo informa que, até o dia 1º de abril, 441 profissionais estavam afastados de suas atividades com suspeita de COVID-19, sendo 33 deles confirmados com a doença. Destaca ainda que esse número é bastante dinâmico, podendo variar diariamente na medida em que os resultados dos exames são conhecidos. A Instituição segue à disposição para qualquer esclarecimento.”
Nota Hospital Oswaldo Cruz:
“O Hospital Alemão Oswaldo Cruz informa que teve até o momento 66 colaboradores afastados por contaminação pelo Coronavírus Covid-19. São 38 casos confirmados e 28 aguardando resultado de teste de Coronavírus. Do total de afastados, 33 são profissionais de saúde (dois deles médicos) e 33 de áreas de apoio.”
Fonte: Portal G1