Heloisa Teixeira, escritora e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), faleceu na sexta-feira, 28 de março de 2025, aos 85 anos, em decorrência de complicações de pneumonia e insuficiência respiratória aguda. Internada na Casa de Saúde São Vicente, na Gávea, zona sul do Rio, Heloisa recebeu homenagens da ABL, que lamentou sua morte em publicação nas redes sociais, destacando seu legado de pensamento crítico e compromisso com uma cultura inclusiva. O velório será realizado no sábado, 29 de março, na sede da ABL, no centro do Rio de Janeiro.
Eleita para a cadeira 30 da ABL em 2023, sucedendo Nélida Piñon, Heloisa Teixeira marcou sua trajetória com intelectualidade e espírito acolhedor, segundo a Academia. Natural de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, mudou-se para o Rio de Janeiro aos 4 anos. Ao longo de sua vida, conciliou as atribuições como mãe de três filhos – Lula, André e Pedro, cineastas – com sua atuação literária e acadêmica, sendo reconhecida como uma das principais vozes feministas do Brasil.
Pouco antes de sua diplomação na ABL, Heloisa decidiu mudar seu sobrenome, substituindo o do primeiro marido pelo materno. A alteração, feita aos 83 anos, destacou sua busca por identidade e foi celebrada com uma tatuagem nas costas. Essa postura reforçou o alinhamento com o projeto de renovação da ABL, por ela defendido em seu discurso de posse, quando criticou a disparidade de gênero no órgão, que conta com apenas dez mulheres eleitas em sua história, frente a 339 homens.
Formada em Letras Clássicas pela PUC-Rio, com mestrado e doutorado na UFRJ e pós-doutorado na Universidade de Columbia, Heloisa foi diretora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea da Faculdade de Letras da UFRJ. Coordenou iniciativas como o Laboratório de Tecnologias Sociais e o projeto Universidade das Quebradas, além de criar espaços de discussão sobre as questões femininas, como o Fórum M.
Eleita com 34 dos 37 votos, Heloisa afirmou, em sua posse, a importância de abrir as portas da academia para mulheres, negros e indígenas, em defesa de uma representatividade democrática. Sua trajetória deixa um impacto profundo na literatura e na luta por igualdade, consolidando-a como uma figura marcante da cultura brasileira.
Por Eduardo Souza
Com Informações: Agência Brasil
Foto: ABL/Divulgação