A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a farmacêutica EMS assinaram dois acordos de cooperação para a fabricação nacional dos princípios ativos liraglutida e semaglutida, usados em medicamentos da classe dos agonistas de GLP-1, popularmente conhecidos como canetas emagrecedoras. A iniciativa prevê a transferência de tecnologia da produção do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) e do produto final para Farmanguinhos, unidade da Fiocruz especializada em medicamentos.
Em um primeiro momento, os fármacos serão produzidos na planta industrial da EMS, em Hortolândia (SP). Posteriormente, a produção será totalmente nacionalizada, com transferência para o Complexo Tecnológico de Medicamentos de Farmanguinhos, no Rio de Janeiro. Segundo nota conjunta, os acordos representam um passo estratégico para a autossuficiência brasileira em biotecnologia de ponta.
A Fiocruz ressaltou que as canetas injetáveis representam uma abordagem moderna e altamente eficaz no tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2, reforçando o avanço da indústria nacional em tecnologias de alta complexidade. A EMS classificou a parceria como um “marco histórico” para o setor farmacêutico do país.
Além do aspecto produtivo, a iniciativa também está inserida na estratégia da Fiocruz de se preparar para a produção de medicamentos injetáveis, ampliando suas capacidades técnicas e fortalecendo o Complexo Econômico-Industrial da Saúde.
Controle mais rígido
Desde junho, a Anvisa determinou a retenção da receita médica para medicamentos dessa classe em farmácias e drogarias. A medida foi motivada pelo uso indiscriminado desses fármacos para fins estéticos, fora das indicações clínicas aprovadas. Além da liraglutida e da semaglutida, também estão na lista medicamentos como dulaglutida, exenatida, tirzepatida e lixisenatida.
Segundo a agência, a decisão visa proteger a saúde dos consumidores, uma vez que foi identificado um alto número de eventos adversos relacionados ao uso indevido. Entidades médicas, como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, também defendiam o controle mais rigoroso para evitar automedicação e escassez dos produtos para pacientes que realmente precisam.
Semaglutida no SUS
Paralelamente, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) realizou, em junho, uma consulta pública sobre a possível inclusão da semaglutida nos tratamentos oferecidos pela rede pública. O processo foi motivado por solicitação da farmacêutica Novo Nordisk, fabricante do medicamento Wegovy.
Apesar da discussão aberta à população, a Conitec já havia emitido parecer contrário à incorporação, alegando que os custos estimados — até R$ 7 bilhões em cinco anos — seriam inviáveis para o orçamento do SUS. O parecer final ainda está pendente.
Da Redação do Jornal Panorama
Com as informações da Agência Brasil
Foto: Arquivo / Agência Brasil
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