Na noite da Sexta-feira Santa, as ruas de Tiradentes se tornaram, mais uma vez, palco de uma das manifestações mais intensas da fé católica: a encenação da Via Sacra, seguida da Procissão do Enterro, que percorreu ladeiras e igrejas centenárias sob o silêncio respeitoso e a luz bruxuleante das velas. A tradicional celebração, que atrai fiéis e visitantes de todo o país, reafirma o papel da cidade como um dos maiores símbolos da religiosidade e da cultura barroca em Minas Gerais.
Participando pela terceira vez consecutiva, um dos devotos relatou a emoção de reviver os últimos passos de Cristo em meio à arquitetura colonial: “É como se o tempo parasse. A cada estação, sentimos a dor, o silêncio e a esperança da Paixão. É mais que uma tradição, é uma experiência espiritual profunda”.
Durante o percurso, os passos de Jesus rumo ao Calvário foram encenados com intensidade e respeito, envolvendo moradores, atores locais e devotos em um ritual que une teatro sacro, memória e fé. A Procissão do Enterro, que sucede a encenação, completou o momento de contemplação e recolhimento, levando a imagem do Cristo Morto pelas ruas silenciosas da cidade, envolta em incenso, cantos gregorianos e o som grave dos sinos.
Mais que uma celebração religiosa, a Via Sacra em Tiradentes é uma ponte entre o passado e o presente, uma tradição que atravessa gerações e que reafirma a identidade espiritual e cultural do povo mineiro. É também uma forma de manter viva a arte sacra, tão presente no imaginário e na história do interior de Minas.
Com o coração envolvido pela fé e os olhos marejados pela emoção, quem participa sai transformado, com a certeza de que, ali, o sagrado encontra morada na arte e na alma de um povo.
Por Leonardo Souza
Com as informações: Redes Sociais / zeantoniodopacu
Fotos: Thaís Andressa