O Instituto Trata Brasil divulgou nesta quinta-feira (19) um levantamento sobre o impacto da falta de saneamento básico no Brasil, que em 2024 resultou em 344 mil internações. As chamadas Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI) são responsáveis por uma parte significativa dessas internações, sobrecarregando o Sistema Único de Saúde (SUS) e gerando uma enorme pressão sobre os recursos públicos.
O estudo revela que a universalização do saneamento básico no país poderia reduzir em 86.760 o número de internações por DRSAI, o que representaria uma economia de aproximadamente R$ 49,9 milhões aos cofres públicos. Cada internação tem um custo médio de R$ 506,32, e a melhoria no saneamento básico não só teria um efeito positivo na saúde pública, mas também representaria um alívio financeiro para o sistema de saúde.
Em 2023, foram registradas 11.544 mortes causadas por essas doenças. Embora esse número seja inferior aos 11.956 óbitos registrados em 2008, o custo humano e econômico da falta de saneamento básico ainda é alarmante. A presença de saneamento adequado poderia reduzir em até 69% a taxa de internações por doenças relacionadas a condições insalubres, e com a implementação de saneamento básico em todos os lares brasileiros, a taxa de internações cairia drasticamente dentro de 36 meses.
Embora a média anual de casos tenha diminuído 3,6% nos últimos 16 anos, de 615,4 mil casos em 2008 para 344 mil em 2024, o número ainda é elevado, e o custo para a sociedade e para o SUS é substancial. O levantamento aponta que os idosos e crianças são os grupos mais afetados, representando 43,5% das internações, com crianças entre 0 e 4 anos apresentando uma taxa de 54 internações para cada 10 mil habitantes, e idosos com 23,6.
Dengue
O estudo destaca que a falta de saneamento básico é um dos principais fatores que contribuem para a proliferação de doenças como diarreia, Hepatite A, malária, leptospirose e conjuntivite, que são transmitidas por contaminação fecal, por insetos ou pelo contato com a água imprópria. Entre essas, a dengue se destaca como a maior ameaça. Em 2024, a doença foi responsável por 164,5 mil internações, das 168,7 mil totais causadas por infecções transmitidas por insetos.
O relatório, intitulado “Saneamento é saúde: como a falta de acesso à infraestrutura básica impacta na incidência de doenças (DRSAI)”, foi baseado em dados do DataSus, do Ministério da Saúde, e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), e realizado em parceria com a EX Ante Consultoria.
Além da dengue, doenças de transmissão fecal-oral também desempenham um papel significativo, com 163,8 mil internações relacionadas a essas condições. A relação entre a ausência de saneamento e o aumento de internações e mortes devido a essas doenças é clara e reforça a urgência de políticas públicas que promovam o acesso universal ao saneamento básico.
Por Leonardo Souza
Com as informações: Instituto Trata Brasil
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil