A Assembleia Geral Ordinária do Conselho de Representantes da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) foi realizada na quarta-feira (28), na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília. O encontro, que reuniu uma expressiva comitiva de produtores e presidentes de sindicatos rurais de Minas, faz parte de uma Missão Técnica promovida pela Faemg para fortalecer a representatividade da agropecuária. Em um discurso marcante, o presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio de Salvo, convocou a comitiva mineira a repensar a atuação do setor, enfatizando a necessidade de inovação, união e maior protagonismo político.
Um dos pilares do discurso de Salvo foi o apelo à união e à ação coletiva. Ele alertou que a manutenção das mesmas práticas resultará nos mesmos desfechos. “Se nós fizermos a mesma coisa sempre, o resultado vai ser esse aí que nós estamos colhendo. E convenhamos, o que está sendo colhido não está muito bom para nós, nem para Minas, nem para o Brasil”, afirmou.
A solução, segundo o presidente, passa por um compromisso individual que se traduz em um impacto coletivo. ” Vamos enxergar o que cada um de nós pode fazer, do jeito que somos, do tamanho que somos. Se cada um de nós fizer um pouquinho mais, vamos fazer uma diferença gigantesca,” disse.
Antônio de Salvo foi enfático ao abordar a necessidade de maturidade política e a despersonalização das relações. Salvo pediu que a organização transcenda as individualidades. “É fundamental que a gente despersonalize o nosso relacionamento. Não é nada pessoal, precisamos de todos e ainda vai ser pouco. Nós temos que trazer mais gente para nosso lado.”
Ele ressaltou que o setor agropecuário tem uma força econômica e social imensa, mas ainda precisa traduzir isso em influência política. “Não é possível um setor como o nosso, que tem 50% do que é exportado e um percentual tão significativo no PIB brasileiro, ser apático politicamente”, conclui.
Vozes de deputados do agro convergem em Brasília
Antes da aguardada fala do presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio de Salvo, o palco da CNA foi o ponto de convergência para importantes lideranças parlamentares, que compartilharam suas visões sobre os desafios e o potencial do setor.
O deputado Newton Cardoso Jr. marcou presença, contribuindo para o diálogo sobre a importância da união do agronegócio. “Sabemos da importância do agro e queremos estar cada vez mais perto desse setor que leva Minas Gerais à frente”, disse.
Para o deputado Zé Silva foi o encontro na CNA foi um momento importante para os deputados de Minas Gerais firmarem um compromisso cada vez mais forte com o desenvolvimento do setor agropecuário do Estado. “Eu estou muito feliz de estar aqui hoje e quero que saibam que estamos à disposição dos senhores para levarmos o nosso agro avante”, concluiu.
Pedro Lupion, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), trouxe a perspectiva do front legislativo. “As decisões tomadas aqui em Brasília estão indo para dentro da porteira e causando muitos problemas”, alertou Lupion. “Todos os dias temos que enfrentar ataques ao nosso setor. Temos que estar sempre na defensiva. São questões tributárias, socioambientais com as quais temos que lidar constantemente,” afirmou.
A deputada Ana Paula Leão defendeu a união entre os produtores rurais, os sindicatos e a Faemg. “Quando a gente está junto, fica mais difícil ser deixado de lado e mais fácil de vencer os desafios”, afirmou. Ela fez questão de parabenizar a liderança da Faemg: “Eu tiro o chapéu para você, Antônio de Salvo, pois à frente da Faemg, você conseguiu unir os produtores rurais mineiros.”
O deputado Domingos Sávio expressou o orgulho de sua origem e de sua atuação. “Nós viemos da mesma origem e sou consciente do nosso papel. Fico com orgulho de estar ao lado de tantos deputados; somos parceiros de muitas lutas juntos”, destacou.
Do Espírito Santo, o deputado Evair de Melo apontou a grandiosidade da responsabilidade mineira, dada a diversidade e complexidade do estado. Ele ainda fez um alerta: “As dificuldades que se enfrenta hoje são reflexo de não termos discutido política no passado. Precisamos mudar este cenário”
O deputado José Vitor ressaltou a importância do diálogo e da construção coletiva. “Hoje é um tempo de a gente construir e dialogar, eu fico sempre entusiasmado”, disse. Ele enfatizou o papel do agro no desenvolvimento do país: “As grandes vitórias do Brasil passaram pelo Agro, graças à mobilização que o setor tem. São deputados que têm capacidade, coragem e são determinados em enfrentar os desafios que temos aqui, em Brasília.”
A deputada Greyce Elias trouxe uma mensagem de reflexão sobre o futuro e a responsabilidade política do setor. “Momentos de reflexão como este de hoje nos mostram que somos responsáveis pelo nosso futuro e pelo futuro do Brasil”, afirmou. Greyce Elias também sublinhou a necessidade de o agro ampliar sua atuação política: “Precisamos entender o nosso papel político dentro da cidade, da região onde estamos. É necessário que o agro entre nessa luta no ano que vem. As eleições no Brasil passam por Minas Gerais.” A deputada ainda fez questão de ressaltar a importância de incluir as mulheres nesse debate: “É preciso também trazer as mulheres para esse debate.”
Diagnóstico e estratégia baseados em dados
Um dos pontos altos da Missão Técnica em Brasília foi a participação do cientista político e CEO da Quest Consultoria e Pesquisa, Felipe Nunes. Em sua apresentação, Nunes consolidou o trabalho de dois anos de parceria com a Faemg, focado em transformar a federação em um centro de decisões embasadas em dados e evidências.
“As pesquisas que realizamos mostram que o cidadão mineiro, de fato, reconhece a agropecuária como atividade econômica fundamental para a vida do Estado, superando inclusive a mineração em termos de percepção de importância”, revelou Felipe Nunes. Ele ressaltou que esse reconhecimento é um primeiro passo para que toda a sociedade “abrace” o setor. Contudo, Nunes apontou um desafio importante: “Já existe o reconhecimento da qualidade dos nossos produtos e da geração de empregos, mas precisamos fazer as pessoas reconhecerem que não é só o produto, não é só o emprego, mas é fundamentalmente uma cadeia produtiva que sustenta a economia mineira”.
Fonte e foto: Faemg e Senar
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