A adoção de tarifas de 50% pelos Estados Unidos sobre o café brasileiro já começa a provocar efeitos nos embarques do produto. De acordo com o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), algumas indústrias norte-americanas já solicitaram prorrogação nos pedidos, mesmo com a medida tendo entrado em vigor apenas em 6 de agosto. A informação consta do relatório estatístico mensal divulgado nesta terça-feira (12).
Segundo o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, esse adiamento compromete o financiamento do setor, principalmente pelo impacto na obtenção do Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC). Além disso, os exportadores enfrentam prejuízos com o chamado “mercado invertido”, que penaliza contratos de entrega mais distante com deságio de até 10%. A estimativa é de perda adicional de US$ 10 por saca, somada a custos logísticos e financeiros.
A possibilidade de redirecionar embarques para a China é vista com cautela pelo Cecafé, que alerta que o recente credenciamento de exportadoras não implica necessariamente aumento imediato dos volumes exportados. O país asiático é o 11º maior destino do café brasileiro em 2025, com 571 mil sacas importadas de janeiro a julho.
Para minimizar os impactos, o Cecafé busca incluir o café brasileiro na lista de isenção tarifária junto ao governo norte-americano, argumentando que os EUA não produzem o grão em escala e dependem das importações para atender ao mercado interno. Paralelamente, a entidade dialoga com o governo brasileiro para propor medidas compensatórias temporárias.
Apesar da retração de 21,4% no volume exportado entre janeiro e julho (22,15 milhões de sacas), a receita cambial do período cresceu 36%, atingindo US$ 8,555 bilhões, impulsionada pelos preços elevados no mercado internacional. Os Estados Unidos seguem como principal destino do café brasileiro, com 3,713 milhões de sacas importadas no ano.
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