Na quinta-feira, 20 de março, foi realizada uma missa na Igreja São Francisco de Assis, em Diamantina, para oficializar o retorno da escultura de São Bento à população local. A peça, do século XVIII, havia sido furtada há quase 20 anos e foi recuperada graças ao Sondar, sistema desenvolvido pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para rastrear bens culturais desaparecidos.
A imagem, feita em madeira policromada, possui 37 centímetros, olhos de vidro e integra o acervo tombado de Diamantina, sendo também parte do Patrimônio Mundial reconhecido pela Unesco em 1999. O MPMG recebeu uma denúncia via Sondar, informando que a escultura estava sendo vendida em um site de leilão em São Paulo. Após o início das investigações, a peça foi submetida à perícia, confirmando sua autenticidade. Marcelo Maffra, promotor de Justiça, destacou que a análise técnica confirmou tratar-se da mesma obra furtada duas décadas atrás.
Durante a celebração, conduzida pelo arcebispo Dom Arci José Nicioli, fiéis e autoridades celebraram o significado religioso e cultural do retorno da obra. Para o procurador-geral adjunto Hugo Barros de Moura, a recuperação vai além do material, resgatando a conexão espiritual da comunidade. Junno Marins da Matta, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ressaltou a relevância histórica e social da peça, que representa uma arte sacra única e de grande valor para a cidade.
O evento foi marcado pela emoção dos presentes, como a aposentada Geralda Parisi, que acredita que a presença de São Bento vai intensificar a devoção local. Já o escritor José Paulo da Cruz recordou a relação simbólica da imagem com a proteção contra animais peçonhentos, destacando sua importância para a história e a fé da igreja.
Por Eduardo Souza
Com informações: Ministério Público de Minas Gerais
Foto: Camila Soares/MPMG