A repercussão de um vídeo publicado pelo influenciador Felca, que ultrapassou 35 milhões de visualizações no YouTube, reacendeu o debate sobre a exposição de crianças na internet e o fenômeno da adultização. O caso gerou mobilização no Congresso Nacional, com parlamentares de diferentes partidos pressionando pela aceleração de projetos de lei que reforcem a proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital.
A adultização infantil consiste na antecipação de comportamentos e responsabilidades típicos da vida adulta, impostos às crianças de forma precoce. Segundo especialistas, esse processo pode ocorrer ao exigir da criança tarefas domésticas excessivas, pressioná-la por desempenho escolar ou expô-la a conteúdos e ambientes inadequados. “É como quebrar o ciclo da infância”, explica Michelly Antunes, da Fundação Abrinq.
Especialistas como o professor Guilherme Polanczyk (USP) e o neuropediatra Anderson Nitsche alertam para consequências graves: dificuldades de socialização, transtornos de ansiedade, problemas de autoestima e impactos no aprendizado. A internet ampliou o alcance da adultização, com crianças se tornando influenciadoras e sendo expostas a conteúdos inadequados desde muito cedo. Dados do Cetic.br mostram que mais de 24 milhões de brasileiros entre 9 e 16 anos acessam a internet, e mais de 20% começaram esse acesso antes dos seis anos de idade.
O Projeto de Lei 2628, já aprovado no Senado, estabelece obrigações das plataformas digitais em relação à proteção infantil. A proposta prevê a remoção de conteúdos inadequados e mecanismos de controle parental. As empresas responsáveis por redes sociais afirmam adotar medidas de segurança, mas especialistas defendem regulação mais rígida e maior conscientização dos pais, que muitas vezes expõem os filhos sem conhecer os riscos.
Além da legislação, orientações individuais incluem limitar o tempo de tela, evitar a exposição excessiva nas redes sociais e priorizar interações reais e seguras no ambiente familiar e social. “Criança precisa brincar, explorar o mundo fora das telas. Isso é o que fortalece o desenvolvimento saudável”, afirma a pediatra Evelyn Eisenstein.
Da Redação
Com informações da Prefeitura de Brasília
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