Em um período de duas semanas, mais de 488 mil aposentados e pensionistas procuraram agências dos Correios em todo o Brasil para contestar descontos irregulares em seus benefícios. O atendimento, iniciado no dia 30 de maio, visa oferecer uma opção presencial para aqueles que enfrentam dificuldades em acessar a internet ou usar os canais digitais, como o aplicativo Meu INSS e a Central 135, para resolver o problema. O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Gilberto Waller, destacou que o número de atendimentos foi significativo, representando mais de 10% do total de requerimentos via Correios, e ressaltou a importância de um atendimento humanizado, com a presença direta do funcionário, o que proporciona mais segurança para os beneficiários.
Na última sexta-feira (13), Waller visitou a agência central dos Correios em São Paulo para acompanhar o andamento dos atendimentos e reforçar o compromisso com os aposentados e pensionistas. Entre os atendidos, está Maria Alves de Oliveira, de 83 anos, que, sem acesso à internet, foi aos Correios para verificar se houve algum desconto não autorizado em sua aposentadoria. Ela relatou sua frustração com a situação, mencionando a dificuldade enfrentada por pessoas como ela, que não têm acesso fácil a tecnologias digitais.
Até o momento, foram feitas mais de 3,1 milhões de contestações, sendo que mais de 512 mil já foram respondidas pelas instituições responsáveis, que apresentaram documentos comprovando que os descontos foram autorizados e não houve fraude. Embora o valor total do prejuízo estimado não tenha sido concluído, caso todas as contestações sejam procedentes, a cifra pode chegar a R$ 1,8 bilhão, um valor inferior ao inicialmente projetado, que chegava a R$ 6,7 bilhões. Waller afirmou que grande parte das fraudes ocorreu por meio de instituições de fachada criadas nos anos de 2020 e 2021, com descontos menores que os esperados, o que dificultou a percepção do problema pelos beneficiários.
Ainda que o governo não tenha dado um prazo exato para o ressarcimento, Waller explicou que o processo está em andamento, com o bloqueio de bens dos fraudadores já realizado para garantir a devolução do dinheiro. O presidente do INSS também ressaltou que, para os aposentados e pensionistas que já utilizaram o aplicativo Meu INSS ou os outros canais digitais, o atendimento presencial não é necessário. Contudo, aqueles que não têm acesso à tecnologia ainda podem ser atendidos presencialmente nos Correios, onde a consulta é gratuita, bastando a apresentação de um documento de identificação.
No estado de São Paulo, 634 agências dos Correios estão disponíveis para atender os beneficiários. Em todo o Brasil, são mais de 5 mil agências funcionando para o mesmo propósito. A fraude foi descoberta em abril deste ano durante a Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal, que identificou um esquema envolvendo associações e sindicatos que aplicavam descontos indevidos nos benefícios de aposentados e pensionistas desde 2019. Inicialmente, a Polícia Federal estimou que o prejuízo com os descontos irregulares poderia alcançar R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
A partir de segunda-feira (16), os aposentados e pensionistas que já procuraram os canais de atendimento há mais de 15 dias úteis poderão retornar às agências dos Correios para consultar as respostas das entidades sobre os seus descontos. Os Correios alertam que nenhum funcionário do INSS ou dos Correios está autorizado a realizar atendimento domiciliar. O serviço é oferecido exclusivamente nos canais oficiais ou nas agências.
Essa medida tem se mostrado essencial para garantir que os aposentados e pensionistas possam resolver problemas de descontos indevidos de forma acessível e segura, especialmente para aqueles que não têm acesso à internet. Com quase 50 mil atendimentos realizados no estado de São Paulo, a ação tem alcançado um grande número de pessoas e se consolidado como uma ferramenta importante no combate a fraudes que impactam diretamente os beneficiários da Previdência Social.
Com informações: Agência Brasil
Imagem: Antônio Cruz/Agência Brasil
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