Após a divulgação de prejuízo de R$ 2,6 bilhões em 2023, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos apresentou uma série de ações com objetivo de reduzir despesas e reverter o cenário financeiro. Entre as medidas anunciadas na sexta-feira, 9 de maio, estão a suspensão de férias em 2025, cortes de jornada com diminuição proporcional de salário, realocação voluntária de carteiros e atendentes para centros de tratamento e retorno obrigatório ao trabalho presencial. A estatal espera economizar R$ 1,5 bilhão ao longo de 2024.
Também fazem parte do plano a prorrogação do Programa de Desligamento Voluntário (PDV) até o dia 18 de maio, a revisão da estrutura organizacional com corte mínimo de 20% no orçamento de funções, reformulação de planos de saúde com economia estimada em 30% e ações como venda de imóveis, revisão contratual, reestruturação da rede de atendimento, criação de uma plataforma de comércio eletrônico e a captação de R$ 3,8 bilhões junto ao New Development Bank (NDB), banco ligado aos Brics. A estimativa é reduzir os custos operacionais em 12% e ampliar o lucro operacional em R$ 3,1 bilhões por ano.
Em resposta ao anúncio, entidades representativas dos trabalhadores, como a Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Findetec) e a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect), solicitaram a abertura de um canal permanente de diálogo com a direção da empresa. A Fentect informou que lançará, no dia 21 de maio, na Câmara dos Deputados, o Comitê em Defesa dos Correios, com apoio da Frente Parlamentar em Defesa da estatal. As entidades também reivindicam a suspensão de medidas que afetem os serviços ou os direitos dos empregados e pedem a devolução dos R$ 3 bilhões pagos à União entre 2011 e 2013 como dividendos.
Segundo relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), publicado em 2017, os Correios enfrentaram, entre 2011 e 2016, deterioração na liquidez, aumento do endividamento, dependência de recursos de terceiros e queda significativa da rentabilidade, com prejuízos constantes desde 2013. A CGU apontou que o patrimônio líquido foi reduzido em cerca de 92,63% no período. As entidades alegam que a retirada de recursos afetou o capital de giro e os investimentos, agravando o endividamento e levando à necessidade de empréstimos. Para os sindicatos, a recomposição desses valores possibilitaria retomar projetos estratégicos sem prejuízo aos trabalhadores e à prestação de serviços.
Por: Eduardo Souza
Com informações: Agência Brasil
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil