O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, na reunião mais recente, elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, atingindo o patamar de 15% ao ano. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reagiu negativamente à medida, classificando-a como inadequada e afirmando que a decisão intensifica as dificuldades enfrentadas pelo setor produtivo nacional.
Este foi o sétimo aumento consecutivo da Selic, que agora se encontra no maior nível desde julho de 2006, quando marcava 15,25% ao ano. Segundo comunicado oficial divulgado pela Agência Brasil, o Copom indicou que a taxa deverá ser mantida nos próximos encontros.
Para a CNI, a elevação dos juros representa uma ameaça à economia brasileira, limitando o investimento produtivo e prejudicando a competitividade industrial. O presidente da entidade, Ricardo Alban, criticou o que considera uma incoerência do Banco Central ao se posicionar contra a elevação do IOF enquanto opta por intensificar o aperto monetário. Em nota, ele afirmou que o Brasil corre o risco de perder oportunidades estratégicas geradas pelas mudanças geopolíticas globais, devido a uma combinação entre carga tributária elevada e juros considerados desproporcionais.
A Confederação apontou ainda que o aumento da Selic não se alinha com o panorama econômico atual, nem com as projeções para os próximos meses. Segundo Alban, o prolongamento da política monetária restritiva torna o ambiente de negócios desfavorável e compromete o crescimento. Ele defendeu a necessidade urgente de iniciar um processo de redução da taxa básica, sob pena de penalizar ainda mais a atividade econômica e a população.
Entre os principais argumentos apresentados pela CNI para justificar o fim do ciclo de altas estão o aumento da taxa de juros real, o encarecimento do crédito, a desaceleração da economia, o recuo no impulso fiscal e sinais de desaceleração da inflação. A taxa de juros real, de acordo com os cálculos da entidade, chegou a 9,8% ao ano — 4,8 pontos percentuais acima da taxa neutra estimada pelo Banco Central, de 5% ao ano. Com isso, o Brasil passa a ocupar a terceira colocação global entre os países com maiores taxas de juros reais, atrás apenas de Turquia e Rússia.
A Selic é o principal instrumento utilizado pela autoridade monetária para conter a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em maio, o IPCA registrou um recuo, atingindo 0,26% no mês. No acumulado de 12 meses, porém, o índice avançou 5,32%, ultrapassando o limite superior da meta contínua de inflação, estabelecida em 3%.
O impacto da decisão também é sentido diretamente pelos consumidores e empresários. Com juros mais elevados, o financiamento de bens de maior valor torna-se mais difícil para as famílias, enquanto as empresas enfrentam maiores custos para manter suas operações e investir em expansão ou modernização.
A CNI também destacou que o cenário de desaceleração econômica deverá se agravar em 2025, impulsionado por um estímulo fiscal mais modesto. As estimativas da entidade apontam que os gastos do governo federal terão um crescimento real de 2,8% no próximo ano, inferior aos 3,7% registrados em 2024. A redução decorre, principalmente, das medidas de contenção de despesas anunciadas no final do ano passado. Para Alban, a continuidade dessas ações é positiva e essencial para alinhar as políticas monetária e fiscal, mas não justificam o endurecimento da política de juros.
Com informações: Agência 61
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo
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