Cafezais de municípios do Sudoeste de Minas Gerais sofreram danos nesta semana devido à ocorrência de geadas, provocadas por temperaturas extremamente baixas. As áreas mais afetadas foram aquelas localizadas em baixadas, vales e encostas — regiões mais suscetíveis ao fenômeno climático. Apesar de a colheita da safra 2025 já estar bem avançada na região, com mais de 50% dos grãos colhidos, a situação acende um alerta entre os produtores quanto ao potencial produtivo da safra de 2026.
A presidente da Associação dos Cafeicultores do Sudoeste de Minas, Suzana Santos, confirmou que os danos foram pontuais, mas expressou preocupação com os impactos a médio prazo. Ela ressaltou que, embora as lavouras atualmente estejam em ritmo intenso de colheita, os efeitos das geadas sobre as plantas podem comprometer o desenvolvimento dos próximos ciclos.
Além de Minas Gerais, propriedades localizadas em Holambra, Serra Negra e Bragança Paulista, no interior de São Paulo, também enfrentaram prejuízos pontuais. Segundo Suzana, essas mesmas regiões já haviam sido afetadas por geadas em 2020, o que aumenta o nível de atenção e vigilância dos cafeicultores locais.
Em contrapartida, em regiões do Sul de Minas e da Alta Mogiana, o fenômeno foi considerado fraco e não resultou em perdas expressivas. Ainda assim, o cenário nacional do café enfrenta um momento delicado, influenciado por uma combinação de fatores climáticos e econômicos.
Queda acentuada nos preços do café
Junho foi marcado por uma forte desvalorização nos preços tanto do café arábica quanto do robusta. Segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o café arábica tipo 6, bebida dura para melhor, com referência em São Paulo, acumula uma queda de 15,4% no mês. O indicador CEPEA/ESALQ recuou quase R$ 360 por saca de 60 kg, encerrando o período abaixo de R$ 2.000 — nível que não era registrado desde novembro de 2024.
O café robusta também apresentou perdas expressivas. O indicador CEPEA/ESALQ para o tipo 6, peneira 13 acima, com retirada no Espírito Santo, caiu 14,9% na parcial de junho, com recuo de R$ 208,25 por saca. A média atual está em R$ 1.186,20 — o menor patamar desde maio deste ano.
De acordo com pesquisadores do Cepea, essas quedas refletem não apenas o avanço da colheita e o aumento da oferta no mercado, mas também um movimento de correção após meses de preços elevados. A colheita da safra 2025/26 avança em ritmo acelerado, favorecida pelo clima e pelo bom desempenho das lavouras, sobretudo no caso do arábica.
Desafios para os produtores
Com os preços em baixa, analistas recomendam que os produtores redobrem a atenção na gestão dos custos de produção e nas estratégias de comercialização. O comportamento do dólar, a demanda internacional e o andamento da colheita nas próximas semanas serão determinantes para os rumos do mercado no curto prazo.
Enquanto isso, os cafeicultores do Sudoeste de Minas seguem monitorando os impactos da geada sobre as lavouras, já de olho na recuperação e no planejamento da safra futura. Em um setor altamente sensível às variações do clima e do mercado, o momento exige cautela e resiliência.
Da Redação- com informações do CCCMG / Agrolink /
Foto: ilustrativa
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