O Instituto Butantan obteve autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para iniciar ensaios clínicos da vacina influenza monovalente A (H5N8), destinada a prevenir a gripe aviária, na terça-feira, 1º de julho de 2025; o início dos testes aguarda apenas o parecer da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Desenvolvida com vírus inativado, a vacina será aplicada em duas doses, com intervalo de 21 dias, em adultos de 18 a 59 anos na fase inicial e, em seguida, em participantes com 60 anos ou mais.
Os estudos pré-clínicos realizados em camundongos e coelhos demonstraram segurança e capacidade de gerar resposta imunológica. Na etapa clínica, cerca de 700 voluntários adultos e idosos serão acompanhados nos centros de pesquisa de Pernambuco, Minas Gerais e São Paulo, com previsão de concluir o monitoramento em 2026; os dados servirão para o pedido de registro definitivo junto à Anvisa.
A iniciativa é motivada pelo risco crescente de que o vírus aviário H5 se adapte ao sistema respiratório humano e desencadeie uma nova pandemia, advertiu o diretor do Butantan, Esper Kallás, ao lembrar que desde 1996 há registros esporádicos de transmissão para pessoas. A diretora médica Fernanda Boulos acrescentou que o grande perigo reside na possível transmissão sustentada entre humanos, hipótese que o instituto busca antecipar ao desenvolver uma vacina capaz de evitar infecções graves.
Segundo a Anvisa, variantes de alto potencial letal, como H5N1, H5N8 e H7N9, já provocaram a morte de 300 milhões de aves em 79 países desde 2021 e causaram 954 infecções humanas, com 464 óbitos, resultando numa taxa de letalidade de 48,6% entre 2003 e 2024. Embora o Brasil não registre casos humanos, o Ministério da Saúde reforça que o contágio ocorre pelo contato direto com aves doentes, não pelo consumo de carne ou ovos devidamente cozidos, e destaca a importância de evitar contato com animais mortos ou enfermos.
Para responder rapidamente a possíveis surtos, o governo federal lançou, em dezembro de 2024, o Plano de Contingência Nacional do Setor Saúde para Influenza Aviária e um guia de vigilância específico, mantém estoques do antiviral oseltamivir e dispõe de tecnologia nacional para produzir vacinas, enquanto o Butantan avança no desenvolvimento de uma proteção preventiva contra o H5N8.
Da Redação do Jornal Panorama
Com informações: Agência Brasil
Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil