O registro do primeiro surto de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil, ocorrido na última sexta-feira no Rio Grande do Sul, acendeu o alerta no setor avícola. Apesar do impacto inicial, autoridades brasileiras esperam que a China e outros grandes compradores internacionais flexibilizem as restrições impostas à carne de frango, limitando-as apenas ao estado afetado, assim como já fizeram Japão, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
Responsável por mais de 35% das exportações globais de carne de frango, o Brasil desempenha papel essencial no fornecimento para grandes economias. Segundo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o país abastece mais da metade das importações chinesas de frango — parcela que só não é maior por conta da presença dos Estados Unidos, cujas exportações para a China estão restritas por surtos internos da doença e tensões comerciais.
Especialistas apontam que a boa relação diplomática entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping pode favorecer o relaxamento das proibições. Renan Augusto Araujo, analista da S&P Global Commodity Insights, estima que o surto pode reduzir em até 20% as exportações brasileiras, dependendo da agilidade no controle da doença e da resposta dos mercados internacionais.
O Rio Grande do Sul, terceiro maior produtor nacional de frango, já havia enfrentado uma suspensão de exportações no ano passado em razão de um caso isolado da doença de Newcastle. Um eventual avanço do surto no território nacional poderia comprometer ainda mais as vendas externas, abrindo espaço para concorrentes, como os Estados Unidos, pressionarem a China a revisar suas restrições.
Nos termos de um acordo comercial firmado em 2020 entre China e EUA, as proibições à carne de frango deveriam ser suspensas 90 dias após a erradicação da gripe aviária nos estados americanos afetados. Entretanto, segundo Greg Tyler, CEO do USA Poultry and Egg Export Council, Pequim vem estendendo essas restrições além do prazo acordado. Tyler afirmou que um eventual afastamento prolongado do Brasil do mercado chinês pode reverter esse cenário, forçando a China a reconsiderar sua política de importação para atender à demanda interna.
Por Eduardo Souza
Com informações: Notícias Agrícolas
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