Estudo publicado na revista Nature nesta quarta-feira (20) alerta que a Antártida enfrenta uma série de mudanças “abruptas” e interconectadas, com potencial para desencadear consequências catastróficas em escala global. A pesquisa, liderada por cientistas majoritariamente australianos, aponta para o recuo do gelo marinho, o derretimento da camada de gelo da Antártida Ocidental, a desaceleração de correntes oceânicas e impactos nos ecossistemas locais, como a diminuição das colônias de pinguins-imperadores.
Segundo a principal autora, Nerilie Abram, da Universidade Nacional da Austrália, o continente dá sinais preocupantes relacionados ao gelo, aos oceanos e à biodiversidade. Tais transformações são descritas como difíceis de reverter, mesmo que as condições climáticas se estabilizem. O recuo do gelo marinho, por exemplo, reduz a reflexão da radiação solar, contribuindo para o aquecimento do planeta em um ciclo que se retroalimenta.
O estudo também destaca que a camada de gelo da Antártida Ocidental está particularmente ameaçada. Seu eventual colapso, considerado irreversível, poderia elevar o nível do mar global em até seis metros ao longo dos próximos séculos. A metade dessa elevação, cerca de três metros, estaria em risco iminente, mesmo com estabilização do clima.
Os autores concluem que a única forma segura de mitigar os riscos associados a essas mudanças ambientais na Antártida é a redução rápida e severa das emissões de CO₂ nesta década, alinhando-se à meta de limitar o aquecimento global a 1,5 °C, conforme o Acordo de Paris.
Da redação Jornal Panorama
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