Você provavelmente já ouviu — ou até usou — a palavra gringo para se referir a um estrangeiro. No Brasil, esse termo virou sinônimo de quem vem de fora, seja dos Estados Unidos, da Europa ou de qualquer outro país. Mas de onde, afinal, surgiu essa palavra tão popular? E o que ela realmente significa?
Spoiler: não tem nada a ver com “green, go home”.
Uma palavra cheia de mitos
Como toda boa expressão popular, gringo tem sua cota de histórias fantasiosas. Uma das mais conhecidas (e mais espalhadas) diz que o termo nasceu durante a Guerra Mexicano-Americana (1846–1848). Os soldados americanos, segundo a lenda, usavam uniformes verdes e, irritados com a presença deles, os mexicanos gritavam: “Green, go home!” (algo como “Verde, vá para casa!”). Essa frase, ao longo do tempo, teria virado… gringo.
Outra versão diz que os militares americanos cantavam canções cujo refrão era “Green grow the lilacs”, o que também teria dado origem ao termo. Charmoso? Talvez. Verdadeiro? Não exatamente.
A verdadeira origem: do grego ao espanhol
Apesar dessas histórias folclóricas, a explicação mais aceita pelos estudiosos é muito mais antiga — e faz bastante sentido. A palavra gringo aparece registrada em um dicionário espanhol de 1787, ou seja, décadas antes da guerra com os EUA.
De acordo com os registros linguísticos, gringo vem de griego (grego, em espanhol). Isso porque, em vários idiomas europeus, há expressões como “isso é grego para mim” para indicar algo que não se entende. No espanhol da época, quando alguém falava de forma incompreensível — seja por sotaque forte ou por usar outra língua —, dizia-se que estava “falando grego”. Com o tempo, a palavra griego foi sendo corrompida até virar gringo.
Ou seja: originalmente, gringo era alguém que falava de forma difícil de entender — e não necessariamente alguém de fora. Mas aos poucos o termo passou a ser associado a estrangeiros de modo geral.
E no Brasil?
No Brasil, o uso de gringo também passou por transformações. Durante muito tempo, era comum usar o termo para se referir a sul-americanos de países vizinhos, como argentinos, bolivianos e paraguaios — e, claro, também aos norte-americanos.
Hoje, porém, a palavra é usada de forma mais ampla. Gringo é basicamente qualquer pessoa estrangeira, independente do país de origem. Não é um termo pejorativo por si só, mas como qualquer palavra, o tom e o contexto em que ela é dita fazem toda a diferença.
Uma palavra, muitas histórias
A trajetória do termo gringo mostra como a linguagem evolui com a cultura, os encontros e os desencontros entre povos. Mais do que um simples rótulo para quem vem de fora, gringo é uma dessas palavras que carregam no som e na grafia um pedacinho da história — e também das nossas interpretações e mal-entendidos.
Então, da próxima vez que ouvir ou usar gringo, você já sabe: a origem pode até parecer história de filme, mas a verdade está nos dicionários — e ela é bem mais interessante do que parece.
Por Graziela Matoso/ Com informações da Veja/ Foto: Freepik
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