Os eleitores bolivianos vão às urnas para escolher presidente, senadores e deputados em uma eleição geral marcada pela inflação recorde e pela ausência do ex-presidente Evo Morales, que está impedido de concorrer, neste domingo (17).
A disputa presidencial é liderada por dois candidatos conservadores da oposição: Samuel Doria Medina, magnata do setor empresarial, e Jorge “Tuto” Quiroga, ex-presidente da Bolívia. Nenhum deles ultrapassa 30% de apoio nas pesquisas de opinião, enquanto cerca de 25% dos eleitores ainda estão indecisos.
Pela primeira vez em quase vinte anos, o Movimento para o Socialismo (MAS), fundado por Morales, corre o risco de ser derrotado. Segundo pesquisa realizada em agosto pela Ipsos CEISMORI, os candidatos ligados ao MAS e outros de tendência esquerdista somam apenas cerca de 10% das intenções de voto.
Caso nenhum candidato obtenha mais de 40% dos votos válidos com uma vantagem de pelo menos 10 pontos percentuais sobre o segundo colocado, haverá segundo turno em 19 de outubro. Além da escolha presidencial, os bolivianos elegem 26 senadores e 130 deputados. Os eleitos tomarão posse em 8 de novembro.
As urnas abriram às 8h no horário local (9h em Brasília) e serão encerradas às 16h (17h em Brasília). Os primeiros resultados devem ser divulgados ainda na noite de domingo, mas os dados oficiais completos serão publicados em até sete dias.
A economia é o principal tema da eleição. A inflação anual dobrou, passando de 12% em janeiro para 23% em junho. O país enfrenta escassez de combustível e de dólares, e alguns cidadãos têm recorrido às criptomoedas como forma de proteção financeira. Segundo o economista Roger Lopez, “os preços da cesta básica estão subindo rapidamente. De repente, a matemática não bate mais.”
A crise tem impactado especialmente os trabalhadores da economia informal. Silvia Morales, de 30 anos, moradora de La Paz e ex-eleitora do MAS, afirma que votará na centro-direita. “A cada ano a situação piora sob este governo”, diz. Carlos Blanco Casas, professor de 60 anos, também de La Paz, declara que pretende votar pela mudança: “Esta eleição parece esperançosa. Precisamos de uma mudança de direção.”
Jorge Quiroga propõe uma “mudança radical” e promete cortar gastos públicos e romper alianças com Venezuela, Cuba e Nicarágua. Ele governou a Bolívia entre 2001 e 2002, após a renúncia do então presidente. Já Doria Medina apresenta uma proposta mais moderada, com foco na estabilização econômica em 100 dias.
Do lado da esquerda, a disputa está fragmentada entre Eduardo del Castillo, candidato oficial do MAS apoiado pelo presidente Luis Arce, e Rodriguez, que se afastou do partido e lançou candidatura própria.
Evo Morales, fundador do MAS e presidente entre 2006 e 2019, incentivou um boicote às eleições, mas analistas apontam que sua influência está em declínio. “Há um apoio generalizado a estas eleições”, afirma Glaeldys Gonzalez Calanche, analista dos Andes do Sul do International Crisis Group. “A maioria dos bolivianos vê as eleições como fundamentais para conduzir o país rumo à recuperação econômica.”
A Bolívia enfrenta um momento decisivo, com a população pressionada por dificuldades econômicas e em busca de alternativas políticas. A ausência de Morales e o enfraquecimento do MAS abrem espaço para uma possível mudança de direção no país, enquanto os eleitores depositam esperança em propostas que prometem reverter a crise e restaurar a estabilidade.
Da redação do Jornal Panorama
Com informações: CNN – Brasil
Imagem: Freepik/Imagem Ilustrativa
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