O Serviço Social da Indústria (Sesi), o Conselho Nacional do Sesi e o Ministério da Saúde oficializaram um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com foco na promoção da saúde mental no setor industrial, em agosto de 2025.
O pacto tem como objetivo criar ambientes laborais mais saudáveis, fortalecer a qualidade de vida dos trabalhadores e preparar o setor para emergências em saúde pública. A iniciativa contempla sete eixos de ações intersetoriais: emergências climáticas, interoperabilidade de dados, promoção da saúde mental, capacitação, saúde conectada, arboviroses e imunização. Todas as ações serão baseadas em pesquisas que ocorrerão até dezembro de 2026.
Segundo Anamaria Raposo, responsável pela coordenação das ações do ACT com o Ministério da Saúde, a pesquisa será conduzida pelos regionais do Sesi em todas as regiões do país, com uma amostra de 219 empresas de diferentes portes e aproximadamente 16.500 trabalhadores. A primeira coleta de dados está prevista para setembro de 2025, com a elaboração de um relatório-base. Em 2026, uma nova coleta permitirá o acompanhamento das questões identificadas.
Para realizar uma análise detalhada da saúde dos trabalhadores, será utilizada a ferramenta ASSTI (Avaliação de Saúde e Segurança do Trabalhador da Indústria), que armazenará dados de entrevistas telefônicas com colaboradores de 18 estados. Os resultados poderão indicar, por exemplo, altos índices de sobrepeso, hábitos de fumo ou pressão alta entre os trabalhadores. Com esses indicadores, as empresas poderão contratar ou promover intervenções direcionadas.
O psicólogo do grupo Mantevida, Edilson José Ferreira de Oliveira, avalia que o acompanhamento periódico é essencial para garantir a atenção adequada à saúde mental dos trabalhadores. Ele destaca que a coleta de dados chama a atenção das autoridades e reforça a responsabilidade de cada parte na criação de políticas públicas efetivas.
Oliveira também alerta para a prevalência da depressão entre os trabalhadores, muitas vezes não diagnosticada por medo ou desconhecimento. Segundo ele, o estigma associado à busca por ajuda psicológica ainda é um obstáculo, sustentado por uma visão ultrapassada que associa o cuidado com a saúde mental à internação ou julgamento social. Para o especialista, é necessário implementar uma cultura de acolhimento que vá além do contexto de adoecimento, promovendo empatia e cuidado no ambiente de trabalho.
A iniciativa representa um avanço significativo na integração entre saúde pública e setor produtivo, com potencial para transformar a abordagem das empresas em relação ao bem-estar de seus colaboradores e contribuir para a construção de ambientes laborais mais humanos e sustentáveis.
Da redação do Jornal Panorama
Com informações: Brasil 61
Imagem: Arquivo/CNI
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