A visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à França, encerrada no dia 9 de junho, marcou a retomada estratégica das relações bilaterais entre Brasil e França. Foi a primeira visita de um chefe de Estado brasileiro ao país europeu em 13 anos e teve um saldo abrangente: investimentos bilionários, fortalecimento cultural, acordos ambientais e compromissos de segurança internacional.
Durante quatro dias de agendas políticas, econômicas e culturais, Lula e o presidente francês Emmanuel Macron consolidaram um novo momento na relação entre os dois países, iniciado em 2023 e reforçado com a visita de Macron ao Brasil em março de 2024.
R$ 100 bilhões em investimentos
O ponto alto da viagem foi o anúncio de R$ 100 bilhões em novos investimentos no Brasil até 2030, por parte de 15 grandes empresas francesas já atuantes no país. Os setores beneficiados não foram detalhados, mas a sinalização reforça o interesse francês no crescimento brasileiro.
“É preciso que a gente aprenda que um dos papéis do presidente é fazer com que as coisas aconteçam”, disse Lula ao anunciar os investimentos.
Acordo Mercosul-União Europeia
Lula reafirmou a prioridade em concluir o acordo entre Mercosul e União Europeia, ressaltando que pretende deixar a presidência do Mercosul, no segundo semestre de 2025, com o tratado assinado.
“Abra o seu coração para a possibilidade de fazer esse acordo com o nosso querido Mercosul”, disse a Macron.
O tema também foi tratado em Mônaco, com o presidente do Conselho Europeu, António Costa, e o príncipe Alberto II.
Cooperação em meio ambiente e cultura
O presidente brasileiro participou da exposição do artista Ernesto Neto, no Grand Palais, em Paris, como parte do Ano do Brasil na França, que reúne mais de 300 eventos culturais em 50 cidades francesas até setembro.
Na área ambiental, Lula discursou no Fórum de Economia e Finanças Azuis, em Mônaco, no Dia Mundial dos Oceanos (8/6), e apresentou sete compromissos voluntários do Brasil para preservação marinha.
Política internacional e segurança
Lula defendeu uma reforma no Conselho de Segurança da ONU e criticou a ineficácia da instituição diante da crise humanitária em Gaza. Também condenou a guerra na Ucrânia, mantendo a posição brasileira contrária à ocupação territorial.
Na sede da Interpol, em Lyon, Lula foi recebido pelo secretário-geral Valdecy Urquiza, o primeiro brasileiro a ocupar o cargo. Na ocasião, foi assinada uma Declaração de Intenções para o combate ao crime organizado.
Reconhecimentos
Durante a visita, Lula recebeu duas importantes homenagens:
- A medalha de honra da Academia Francesa, entregue a apenas 19 chefes de Estado em 400 anos — o último brasileiro a recebê-la havia sido Dom Pedro II.
- O título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Paris 8, reconhecendo seu papel na promoção da educação e inclusão.
Nova fase nas relações
A França é a terceira maior origem de investimento direto no Brasil, com mais de US$ 66 bilhões em estoque e cerca de mil empresas atuando no país, responsáveis por 500 mil empregos.
“Esse é um momento extraordinário para a gente fortalecer as relações democráticas, comerciais, políticas, econômicas e culturais”, disse Lula.
Com essa visita, Brasil e França consolidam uma agenda comum focada em desenvolvimento sustentável, democracia, cultura e integração econômica, em um contexto global marcado por instabilidade e desafios multilaterais.
Fonte e foto: Agência Gov
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