Duas semanas após ser condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) deixou o Brasil e informou que fixará residência na Europa. Em entrevista ao canal AuriVerde, no YouTube, nesta terça-feira (03), a parlamentar afirmou estar fora do país “já faz alguns dias” e evitou revelar o destino exato, alegando ter cidadania italiana, o que a impediria de ser extraditada.
Segundo Zambelli, a viagem foi inicialmente motivada por tratamento médico, mas sua recente condenação pelo STF também influenciou a decisão. Em 14 de maio, a Primeira Turma do Supremo a condenou por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com o auxílio do hacker Walter Delgatti, além do crime de falsidade ideológica. A pena inclui ainda a perda do mandato parlamentar, caso a decisão transite em julgado. Ela e Delgatti foram também sentenciados ao pagamento de R$ 2 milhões em danos morais coletivos.
Zambelli declarou que pretende pedir afastamento sem vencimentos da Câmara, o que abrirá espaço para seu suplente, Coronel Tadeu (PL-SP). Em tom de crítica à Justiça, afirmou:
“Eu poderia ir para a prisão, esperar [passar] um tempo e continuar no meu país. Me entregar para a Justiça. Mas que Justiça é essa que prende a Débora por 14 anos e que quer me prender por 15 anos?”.
A deputada se referia à cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, condenada por envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Zambelli também responde a outro processo no STF por porte ilegal de arma e perseguição ao jornalista Luan Araújo, episódio ocorrido às vésperas do segundo turno das eleições de 2022. Ela voltou a defender sua atitude, afirmando que agiu em defesa própria e de seu filho, e que vem sofrendo isolamento e perseguição política desde então.
Durante a entrevista, a deputada disse que pretende seguir os passos de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se afastou do mandato para viver nos EUA e denunciar o que chama de “ditadura” no Brasil. Zambelli reforçou esse discurso, afirmando que não está abandonando o país, mas resistindo:
“Gostaria de deixar bem claro que não é um abandono do país. Nem desistir da minha luta. Muito pelo contrário. É resistir. É poder continuar falando o que quero. Voltar a ser a Carla que eu era antes das amarras que esta ditadura nos impôs”, argumentou Zambelli”.
Ela revelou preocupação com o futuro de suas redes sociais, hoje com mais de 10 milhões de seguidores, e informou que sua mãe será a nova responsável por gerenciá-las.
Ainda sem apresentar provas, Zambelli voltou a colocar em dúvida a confiabilidade das urnas eletrônicas, acusando o sistema eleitoral de ser fraudado. Disse que no exterior se sente mais livre para se manifestar:
“Aqui fora, eu posso falar que enquanto não houver um voto impresso e contagem pública [de votos], não teremos democracia no país”, afirmou a parlamentar, criticando, nominalmente, a diversos ministros do STF”.
Ao final, reforçou que continuará denunciando o que considera abusos do Judiciário e reiterou acusações contra ministros do STF, mantendo o tom combativo mesmo à distância.
Por Leonardo Souza
Com as informações da Agência Brasil
Foto: Lula Marques / Agência Brasil
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