A Avenida Afonso Pena, no Centro de Belo Horizonte, onde fica localizada a sede da Secretaria de Patrimônio da União, é cenário da ocupação dos membros da Comunidade Tradicional Pesqueira e Vazanteira de Canabrava nesta terça-feira, 06 de maio.
A ocupação visa a liberação do Termo de Autorização de Uso Sustentável, o TAUS. O documento é exigido para utilização de forma racional e sustentável dos recursos naturais disponíveis na orla marítima e fluvial, voltados à subsistência de comunidades tradicionais, por meio da atividade pesqueira. A comunidade também exige maior agilidade na demarcação das áreas da União, podendo assim, regularizar suas moradias.
Há quase 20 anos a comunidade vive sob ameaças, despejos e violências. Em meados dos anos 2000, as famílias que residiam às margens do Rio São Francisco, em Buritizeiro, no Norte do Estado, foram atingidas por um mandado de despejo que tinha como alvo famílias que ocupavam 5 mil hectares de uma fazenda para fins de reforma agrária. Os ocupantes se retiraram do local, mas lá ficaram os vazantes e pescadores, que ocupavam 342 hectares da União, às margens do rio.
No entanto, a ordem de despejo não especificava a presença desta comunidade, que também foi despejada pela Polícia Militar e, dois dias depois, por jagunços e herdeiros da terra. Desde então, os moradores lutam pela regularização de suas terras.
Em entrevista ao JORNAL PANORAMA, um dos integrantes da comunidade contou o que havia no local antes do despejo. “Tinha muita plantação, verdura plantada, tacaram fogo em tudo, jogaram tudo no chão (…)Beira de rio sempre é da comunidade, beira de rio não tem fazendeiro, beira de rio é dos pescadores e dos vazanteiros”, mencionou.
Por Juliana Carvalho
Fotos: Luciana Villela