A produção de café no Brasil deve alcançar 55,7 milhões de sacas em 2025, o que representa um crescimento de 2,7% em relação à safra anterior, segundo estimativa divulgada nesta terça-feira (6) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Caso se confirme, esse será o maior volume já registrado em um ano de baixa bienalidade, superando o desempenho de 2023.
A bienalidade é um fenômeno natural da cafeicultura, especialmente da variedade arábica, em que os anos de maior produção são seguidos por colheitas mais fracas. Mesmo com essa característica, a recuperação nas lavouras — principalmente do café conilon — deve puxar o resultado positivo da safra.
Conilon impulsiona crescimento da produção
O principal fator para o bom desempenho da safra 2025 é a alta de 28,3% na produtividade das lavouras de conilon, com produção estimada em 18,7 milhões de sacas, um novo recorde histórico da série da Conab. A melhora é explicada pelas boas condições climáticas, com chuvas regulares nas fases mais críticas do ciclo do café, favorecendo floradas e aumentando o número de frutos por roseta.
No Espírito Santo, maior produtor de conilon do país, a produção deve atingir 13,1 milhões de sacas, resultado impulsionado pelas precipitações consistentes no norte do estado, que concentra quase 70% da área plantada com essa variedade no Brasil.
Arábica sente efeito da bienalidade e seca
Já a produção de café arábica, variedade mais sensível ao ciclo de bienalidade, deve cair 6,6%, somando 37 milhões de sacas. A queda é resultado de dois fatores: a baixa bienalidade esperada para 2025 e condições climáticas adversas, como a seca prolongada entre abril e setembro de 2024.
Minas Gerais, estado com maior área de cultivo de arábica, deve colher 25,65 milhões de sacas, seguido por São Paulo, onde a produtividade também caiu pela combinação de clima desfavorável e efeitos fisiológicos do ciclo da planta.
Área cultivada cresce, apesar de redução na área em produção
A área total dedicada à cafeicultura no país deve crescer 0,8%, alcançando 2,25 milhões de hectares. Contudo, a área efetivamente em produção terá queda de 1,4%, ficando em 1,86 milhão de hectares, enquanto a área em formação (plantios novos que ainda não produzem) aumenta 12,3%, o que é comum em anos de bienalidade negativa, quando produtores aproveitam para renovar os cafezais.
Exportações em leve queda de volume, mas com alta na receita
Mesmo após o recorde histórico de exportações em 2024, com 50,5 milhões de sacas exportadas, os embarques de café no primeiro trimestre de 2025 tiveram uma leve queda de 1% em volume, totalizando 11,7 milhões de sacas. A redução já era esperada, devido aos estoques internos limitados após uma exportação intensa no ano anterior.
Apesar da diminuição no volume, o faturamento aumentou significativamente: o Brasil arrecadou US$ 4,1 bilhões com a exportação de café de janeiro a março de 2025 — alta de 68,9% em relação ao mesmo período de 2024. O crescimento se deve principalmente à valorização dos preços do café no mercado internacional, impulsionados pelos estoques globais baixos.
Mesmo com a previsão de aumento na produção global em 2025, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os estoques reduzidos devem manter os preços do café elevados ao longo do ano. Isso significa que, além da produção recorde em ano de baixa bienalidade, o Brasil também pode se beneficiar de melhor remuneração no mercado internacional.
A combinação de clima favorável, aumento na área plantada e valorização do produto sinaliza um ano promissor para o setor cafeeiro brasileiro.
Com informações e foto da Rádio Itatiaia