A diretora-executiva do Centro Brasileiro de Justiça Climática, Andréia Louback proferiu nesta quinta-feira (13) palestra magna no Ciclo de Debates Mulheres e Emergências Climáticas: Protagonismo, Construção da Resiliência e Justiça Climática.
Realizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para marcar a passagem do Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, o evento integra a programação do Sempre Vivas de 2025 e prossegue ao longo do dia com debates sobre os impactos das mudanças climáticas para as mulheres, bem como seu papel na conservação ambiental.
Segundo a especialista, Mestre em relações étnico-raciais pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (Cefet/RJ) e jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), 380 milhões de mulheres já vivem em regiões com estresse hídrico alto ou crítico e esse número pode subir para 674 milhões até 2050.
Seja pela crise hídrica, enchentes, seca, disputa por territórios e outros extremos, a palestrante advertiu que a realidade climática impacta sobretudo as mulheres e trouxe outros dados que classificou como assustadores.
Segundo Andréia Louback, num futuro próximo, 234 milhões de mulheres podem passar fome, vivendo em insegurança alimentar severa, contra 131 milhões de homens; e 159 milhões podem ser empurradas para a pobreza extrema até 2050, 16 milhões a mais do que homens e meninos.
No cenário nacional, ela destacou que pretos e pardos respondem por 56% da população brasileira e as mulheres, por 51%.
A palestrante defendeu mais iniciativas de gênero voltadas para capacitação e empoderamento das mulheres como forma de ampliar o acesso a informações e ferramentas de atuação e que essas ações não se concentrem em março.
Nesse sentido, ela avaliou que a COP 30 – 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a ser realizada em Belém (PA), em novembro de 2025, será um grande momento para que as pautas das mulheres não só ganhem visibilidade na discussão, mas que também possam caminhar para propostas.
Por outro lado, reforçou que elas precisam ser capacitadas a ter essa influência, num País em que menos de 1% da população falaria inglês, e levando em conta que não deve haver traduções na conferência, conforme frisou.
“É um debate específico, que traz desafios como o de garantir, por exemplo, que mulheres quilombolas participem não só fisicamente e em foto, mas de fato”, reiterou.
A pesquisadora pontuou que o País tem uma lei sobre educação ambiental que não seria aplicada nas escolas, e isso seria um dos desafios a serem vencidos no enfrentamento da crise climática.
Ela também apontou a necessidade de sociedade em geral e governo compreenderem o conceito de justiça climática: termo que expressa a necessidade urgente de uma transição econômica justa e inclusiva, que reconheça e aborde as desigualdades sociais históricas e sistêmicas.
Por: Sérgio Monteiro
Foto: Alexandre Netto
Fonte: ALMG