O dia 11 de julho, que em outros contextos poderia ter passado despercebido, foi transformado em Conceição do Rio Verde em um evento de profunda significância e calorosa celebração. A data marcou a inauguração de um espaço, a comemoração de conquistas e, acima de tudo, um momento de relembrar, reconhecer e homenagear a figura marcante de Chico Lage. O que se esperava ser um dia comum desdobrou-se em uma jornada festiva, repleta de reconhecimentos sinceros e demonstrações de afeto que ecoaram por toda a cidade.
A cerimônia, que contou com a presença de diversas personalidades que compartilharam trajetórias com Chico Lage, foi marcada por depoimentos que tocaram a alma dos presentes. Figuras como Eugênio, ex-prefeito de Lambari, e José Neto, ex-prefeito de São Lourenço, compartilharam suas memórias e o impacto de Chico em suas administrações e vidas. O Dr. Alcir e a filha de Chico, Flávia, autora de uma obra que imortaliza a vida do homenageado, também se uniram a outros tantos, tecendo um painel rico em emoção e admiração. emocionado, Flávia Lage, filha de Chico Lage e autora do livro “Chico Lage: Um Ídolo em Minha Vida”, iniciou agradecendo a presença de todos e destacou a importância de celebrar a vida e o legado de seu pai. Ela relatou o processo de escrever o livro sobre sua figura, um exercício de memória e emoção, e como essa obra foi sua forma de eternizar as lições e valores que ele lhe transmitiu. Flávia contou como seu pai escolheu ficar em sua terra e investir na educação e cultura da comunidade, especialmente na Escola de Música e na Corporação Imaculada Conceição, que sofreu com a falta de apoio do poder público após o fim do mandato de Chico. Ao criar o Instituto Chico Lage de Educação, Arte e Cultura, Flávia se comprometeu a manter viva a memória do pai e a lutar pela continuidade desse importante patrimônio, além de oferecer oportunidades aos jovens por meio da arte, música e educação. Com emoção e responsabilidade, ela reafirmou que o Instituto não terá fins políticos, e que sua missão será dar atenção e direção a quem precisa, seguindo o exemplo de vida deixado por seu pai.
A atmosfera do evento era um complexo, belo e cheio de sentimentos. A saudade, inevitável diante da ausência física, misturava-se a um saudosismo reconfortante, que trazia à tona lembranças de momentos compartilhados. A admiração pela amplitude do trabalho e pela personalidade de Chico era nítida, entrelaçada a uma tristeza inerente à perda, mas sobreposta por uma alegria genuína de celebrar uma vida tão plena e significativa.
Um dos aspectos mais gratificantes do dia foi a oportunidade de testemunhar a força de uma família consolidada e unida. Ver os familiares de Chico Lage, em sua solidez e união, dando continuidade a um legado que, para muitos, talvez nem se tenha plena consciência de sua magnitude, foi um testemunho vivo de valores transmitidos e de um trabalho que transcende gerações.
A convivência com a família de um amigo, professor, orientador e figura paterna como Chico Lage permitiu uma compreensão mais profunda de como uma única pessoa pode, de fato, fazer uma diferença na vida de tantas outras. As frases de encorajamento e os ensinamentos ouvidos ao longo do último ano ganharam um novo significado, especialmente ao se deparar com a verdade de que, mesmo sem poder alcançar a todos, fazer a diferença para uma única pessoa já é um feito extraordinário. E Chico, para muitos, fez essa diferença, e sua falta é sentida imensamente.
O legado de Chico Lage é visível. A criação do Instituto Cultural e a criação da Comenda Chico Lage, que teve como primeiro agraciado, o maestro Paganelli, são apenas alguns dos marcos concretos de sua atuação. Sua influência se estendeu por diversas áreas, desde a política e a administração pública até o campo contábil e sua paixão pela música, demonstrando uma versatilidade e um compromisso admiráveis.
Durante a solenidade, o Maestro Luiz Estaquio Paganelli, membro da tradicional Corporação Imaculada Conceição, foi agraciado com a prestigiada Comenda Chico Lage, uma honraria que reconhece personalidades e instituições que se destacam em suas áreas de atuação e contribuem significativamente para o desenvolvimento cultural e social da região. A cerimônia, marcada por momentos de grande emoção, celebrou não apenas o trabalho exemplar de Paganelli à frente da corporação, mas também sua dedicação à música e à comunidade.
Em entrevista ao Jornal Panorama, Flávia Lage compartilhou um pouco sobre a motivação que a levou a escrever um livro sobre seu pai. Ela contou que, desde antes de sua morte, sempre teve o desejo de escrever sobre ele, realizando até pequenas publicações em datas especiais, como aniversários. Após seu falecimento, Flávia se viu com uma urgência de preservar todas as memórias, mensagens, conversas e e-mails trocados com ele, de forma a não perder nada. Foi então que ela decidiu escrever o livro que tanto sonhara, sem seguir uma estrutura formal ou cronológica, mas permitindo que a emoção guiada pelas lembranças fosse o principal direcionamento da obra. “Eu escrevi de forma natural, sem pressa, apenas deixando que o que eu sentia fluísse”, afirmou. A autora espera que o livro sirva como inspiração para as gerações mais jovens, especialmente em tempos onde os exemplos são cada vez mais escassos. “Meu pai é um exemplo de ser humano, e acredito que seu legado vai trazer aprendizado e valores importantes para muitas gerações, incluindo meus netos e os netos dos meus irmãos”, disse Flávia, destacando que o principal ensinamento que seu pai deixou foi a importância de seguir o caminho correto.
Em suma, o dia 11 de julho foi uma oportunidade ímpar de segurar em mãos um livro que narra a história de vida de Chico Lage, de saborear seus quitutes preferidos, de compartilhar a presença de sua família e amigos, e de celebrar e relembrar a memória de um ser humano extraordinário. Foi, acima de tudo, um dia em que a gratidão falou mais alto, permitindo que, mesmo com a dificuldade, fosse possível expressar o profundo carinho e a admiração pelo querido Chico Lage.
Confira o álbum da solenidade de lançamento do livro neste link.
Por Karla Danitza Velásquez e colaboração de Edu Souza
Imagem: Jornal Panorama
Jornal Panorama Minas – Grande Circulação – Noticiando o Brasil, Minas e o Mundo – 50 anos de jornalismo ético e profissional